Poesia a forceps

Saí na madrugada,
caminhando, correndo,
intervalando,
os primeiros movimentos de gente na rua
eu pensei em poesia,
puxar da visão do céu ainda trancado
puxar da minha mente preguiçosa,
palavras fortes,
se não tiver palavras fortes
palavras doces, cheirosas, matutinas

Fiquei esperando entrar as metáforas,
elas não vieram
fiquei esperando os insights,
eles não vieram
eu olhei para o barrado do dia em Brasília
o alto do Colorado
o arco elevado do lago Paranoá

Fiquei esperando que a torre
lá do alto,
que emite ondas sobre a cidade
fiquei esperando eletricidade
nos meus neurônios
depois de voltear,
fiquei decepcionado comigo,
porque não me veio nada…

Nada mesmo,
que valesse a pena,
a não ser a vontade de fazer um poema,
sem título
um poema vago,
como vago é a minha visão,
ou quem sabe,
a minha poesia foi simplesmente,
a minha visão da madrugada
e foi substituída pela caminhada,
pelos trotes,
pelo meu desejo.

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