Eu vou falar apenas de duas enfermidades, que são a diabetes e a hipertensão arterial, doenças crônicas. Como tantas outras, se a gente não cuidar, no caso a diabetes pode provocar cegueira, amputação de membros (pernas, braços, dedos), má circulação, comprometer a filtragem dos rins, levando a pessoa ao processo de hemodiálise e muita coisa ruim pode acontecer. A hipertensão, pressão alta, se não controlada, pode provocar um derrame e uma possível invalidez – metade do corpo sem movimentos.

Hoje, seis a sete por cento da população brasileira é diabética. Como somos duzentos milhões de habitantes, sete por cento equivalem a quatorze milhões de brasileiros diabéticos. Em relação aos hipertensos, o quantitativo é muito mais expressivo. Portanto, é preciso tratar toda essa nossa gente com muito zelo.

A maioria dos brasileiros não dispõe de recursos porque o tratamento de uma diabetes complicada ou uma hipertensão e suas sequelas é muito caro, é penoso e muito difícil para as famílias. O paciente, sem recursos, fica jogado em hospitais, de qualquer maneira, sem receber um tratamento adequado.

É fundamental que as prefeituras, junto a seus agentes comunitários de saúde e em seus centros de saúde, tenham recursos para identificar portadores dessas doenças, trazê-los para realizar consultas periódicas e proporcionar um tratamento digno. Ir atrás mesmo. Não deixar faltar remédio.

Fazendo isso, o paciente poderá melhorar sua expectativa de vida, ter um pouco mais de paz e sossego e o SUS fará uma enorme economia de recursos financeiros. A gente economiza porque deixa de gastar com UTI, com as hemodiálises, com os deslocamentos, com os transplantes e tantos outros transtornos. Então, cuidar das doenças crônicas é dever de todos.

Eu tinha quase 16 anos quando irrompeu a ditadura militar de 1964. Ainda era adolescente, morava no estado de Tocantins, na cidade de Dianópolis, mas sempre fui muito atento a todas essas manifestações políticas, mesmo muito jovem e sertanejo do interior do Brasil.

No entanto, o tempo foi passando, e, dos 18 para os 19 anos, eu me mudei para Goiânia, quando ainda transcorria efetivamente o primeiro governo do ditador brasileiro Castelo Branco. Na escola, no ensino médio, nas faculdades, nos diretórios acadêmicos, na vida, combatia-se a ditadura; havia um subterrâneo de manifestações. Eu mesmo tive vários colegas presos naquela ocasião, jovens, mulheres e homens; e assim foi feito.

Época em que fui sargento da PM de Goiás

Fui amadurecendo, 18, 20 anos, me graduei. Fui militar por 10 anos, sargento da Polícia Militar de Goiás, durante a efetivação da ditadura militar. Vim para Rondônia em 1976, janeiro. Enquanto isso, perdíamos todos os políticos da centro-esquerda brasileira; todos os intelectuais, professores das universidades, artistas, estudantes secundaristas e universitários. Houve muita tortura, muita violência.

A ditadura poderia ter aproveitado esse tempo de exceção para implantar os rumos de um Brasil diferente, porque, praticamente, não existia oposição no Congresso Nacional. Mas nada disso ocorreu. A ditadura se especializou na tortura, se especializou nos seus sistemas de informação. Ela se especializou, justamente, na arte de toda a ignomínia política brasileira, e se esqueceu de governar.

O ex-presidente Juscelino Kubitschek retorna ao país depois do exílio na Europa

O governo militar tinha um plano de soberania nacional, um plano ultranacionalista, um plano ultradireitista, e tudo isso foi acontecendo nos seus 21 anos de exercício de exceção. Praticamente nada de bom aconteceu. Depois, com a anistia, foram voltando os verdadeiros líderes brasileiros, os intelectuais, os pesquisadores e os cientistas que estavam no exílio, inclusive Juscelino Kubitschek, Niemeyer, Hidelbrando, Fernando Henrique, Arraes, Brizola, enfim, todos.

Posso dizer a vocês, de cátedra e experiência pessoal, que eu vivi esse tempo, e não tenho nenhuma saudade; não tenho nenhum orgulho. Quando vejo, hoje, o povo brasileiro polarizado, exaltando princípios que foram as bases da ditadura de 64, eu fico muito triste. Talvez esse pessoal de hoje não queira ler a história, não queira ver tudo isso.

As manifestações que existiram no Brasil na década de 60, como mulheres se expressando, pedindo a ditadura militar, contra João Goulart, com medo do comunismo – e ele na realidade não era comunista, mas assim o taxaram.

Agora, estamos nós aqui, em pleno 2024, ainda amargando uma polarização brasileira, muita gente pedindo a ditadura militar. Há pouco tempo muita g ente foi para a frente dos quarteis pedirem intervenção, querendo uma nova ditadura, querendo um novo “Estado Novo de 1937”. Acho que o pessoal não tem memória histórica, ou estão brincando de repetir o passado nefasto.

Nós precisamos encontrar modelos; modelos inteligentes de sobrevivência, modelos de superação da nossa pobreza, de pensamento grandioso, futurista, para realmente combater a miséria, a desigualdade brasileira, promover o crescimento justo, equilibrado. Chamar quem está de fora para dentro do Brasil; isso é fundamental.

Eu não comemoro este dia 31 de março com glória. Eu repugno completamente esses princípios. Eu vou convivendo, vou trabalhando, no meio termo, sem fazer críticas frontais a ninguém, mas, aqui dentro do meu coração, eu repudio veementemente, eu não concordo, de maneira nenhuma, com uma nova ditadura.

Quando o Estado vai bem, a gente fica muito orgulhoso. Quando a gente tira nota dez numa prova, a gente fica orgulhoso. Quando a gente faz as coisas que dão certo, a gente fica orgulhoso. Vaidoso. Mas, a gente também fica triste quando há um reverso nas informações e na vida. Por exemplo, na semana passada o Data Senado apresentou uma pesquisa nacional sobre a violência contra a mulher no Brasil e o resultado não foi bom pra Rondônia.

Nós somos o segundo estado brasileiro com maior incidência de violência contra a mulher. Isso é muito grave. Essa é uma notícia muito ruim pra nós. As políticas de um modo geral, as decisões, devem ser tomadas na hora certa. E chegou a hora de reverter esses indicadores ruins do estado de Rondônia, porque no geral, o estado é maravilhoso.

Rondônia tem o tamanho, um pouco mais um pouco menos, que o Rio Grande do Sul, do estado de São Paulo, um pouquinho menor, mas tem uma população pequena, de um milhão e meio de habitantes. É um estado rico. Dá pra gente reverter esses indicadores ruins. Dá para o nosso estado ser um estado exemplar, desde que a gente faça as coisas certas. Nem que seja devagarzinho. Mas, lá na frente o resultado será muito proveitoso.

Nós estamos agora com essa notícia de sermos o segundo estado mais violento contra a mulher do Brasil, isso nos ofende a todos. Então, devemos mobilizar o estado a partir de decisões de governo, da própria sociedade, das prefeituras, das câmaras municipais, e de fazer uma grande cruzada em benefício do próprio estado, pra gente sair dessa marca feia. O primeiro, é o estado do Amazonas, o estado que tem o melhor desempenho, melhor índice, é o Piauí, um estado pobre. A gente pode dar uma avançada.

Por meio deste blog, chamo a atenção para as nossas mazelas que estão escondidas debaixo do tapete. A gente precisa encarar e trabalhar firmemente através de uma excelente comunicação, de campanhas nas escolas, de uma mídia inteligente, e de ações prontas para, justamente, proteger as mulheres vulneráveis.  Assim, nós vamos dar a volta por cima.

Tem outros dados que nós vamos ter que reverter também em Rondônia, para o bem da nossa imagem. Para o bem de um estado multirracial. Nós somos um punhado de Brasil dentro de nós mesmos. É um punhado do nosso país. Todos os estados estão em Rondônia representados. Então, vamos fazer bonito. O primeiro dever de casa é reverter esse péssimo indicador, de ser o vice-campeão brasileiro em violência contra a mulher.

Do ermo subterrâneo jorra água a quarenta graus. Por certo é magma vulcânica não resolvida e fica ali gotejando respingos eternos. Por cima morros crocodilianos com jardinagem rala e torta.

Para ter sentido as palavras devem dizer verdades. Porque as palavras são como raízes, seguram pedras e o solo das ladeiras, mesmo que a chuva não cesse.

Chinelando em alta velocidade atrás do ônibus. Parei. Dei um cambão na vida. Porque senti falta da agilidade, o cambão me fez jovem. Caí de gatão. Me fiz ridículo, para lhe demonstrar que sinto, há verdade no sentimento, mesmo não medindo com régua.

Dez centímetros de palpitações, como ondas do eletrocardiograma. Vinte centímetros de angústia queixosa por dentro. Eu sinto.

O teodolito mede longe. O GPS de cântaros e cantos. O ingazeiro atento. O som distante. O laboratório subterrâneo aquece pedaço do mundo. Estou chegando ao centro da terra, onde o magma se aloja.

As palavras só tem sentido com outras, como raízes entrelaçadas, quase tudo que acontece vem do inimaginável.

Ariquemes, 3 de junho de 2007.

Confúcio Moura

Acho que sou do contra.  Porque ser contra me seduz avidamente. Creio que ideologia e pensamento sejam genéticos, vêm de dentro. Hoje quero me deslanchar neste mundo tobogã. Descer ladeira abaixo zunindo. Falar de coisas ardentes. Meter a colher de pau em certos princípios. 

Bem claro: não sou comunista. Não gosto do regime. Nem do socialismo marxista nem da ultradireita. Sou um moderado, de centro, até um meio socialdemocrata no limite. Sou um fabricante de consensos, embora seja uma idiotice.  Se você quiser lhe vendo acordos, que é uma merda.

Defendo os transgênicos. Sou a favor da lei do divórcio. Recomendo o uso da “camisinha”. Sou a favor da pesquisa com células-troncos. Acredito na teoria da evolução de Darwin.

Acho delicioso o debate filosófico em que todos têm razão.  Creio na lei da oferta e procura, a mais sagrada. Para quem precisa, defendo também a reprodução humana assistida. A pena de morte, ah! A pena de morte. Amaral Neto cumpriu três ou quatro mandatos para aprová-la, não deu em nada.  Não há lei que regulamente a pena de morte no Brasil. Seria um desastre. Só pobre e negros morreria na guilhotina.

Enquanto não há lei, os bandidos matam. Matam deslavadamente, fica por isso mesmo. É a nossa guerra civil, mais morte que no Iraque.

De Orides Fontela: “Na oposição se completam os arcanjos contrários. Sendo a mesma existência em dois sentidos (um, severo e nítido na negação pura de seu ser. O outro em adoração firmado). Não se contemplam e se sabem um mesmo enigma cindido. Combatem-se, mas abraçando-se na unidade da essência”.

Não se pode ser contra a ciência. Mais cedo ou mais tarde ela irá prevalecer por necessidade. Porque a ciência é real, como a pedra. Células-troncos embrionárias podem curar dezenas de doenças hoje incuráveis. Os doentes dirão a maior verdade. Pior são os venenos jogados nas lavouras e nos rios.

Defendo o direito de propriedade como sagrado. Ele move o mundo. Como se pode prosperar sem o amparo legal ao direito de propriedade? De ser dono de sua própria casa, do seu terreno, da sua loja ou da sua fazenda?  Impossível. O discurso da esquerda radical, de que a propriedade é uma anomalia pré-histórica não deu certo, nem na Rússia e em nenhum país comunista do mundo.

Bom mesmo é bom senso, o meio termo, nem muito e nem pouco. Bom mesmo é a criação de oportunidades para todos, é investir na educação de qualidade porque ela abre portas para a juventude, é a criação de trabalho e emprego.

Há muitos temas polêmicos. O que pode, o que não pode, o que deve e o que não deve. Nem estou aí. Tudo isto é uma questão de tempo e necessidade, na hora certa o homem aprovará o que precisa. Esquece o passado, mais tarde olha para trás e sorri das bobagens e dos argumentos em contrário.

Foi assim com a Terra. Uma luta de vida e morte para ser redonda.  Foi assim com o Sol para ser o centro do universo. Foi assim com as vacinas, usava-se por força de polícia, com a genética, com a melhoria das sementes e das espécies animais.

Então, meu amigo, são estes os meus argumentos. É o que penso e sinto. É o que defendo e acredito.

“Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem” Robert Musil em O Homem sem Qualidades.

Dou um picolé de mangaba, para quem adivinhar onde fica a Praça Napoleão Laurenao. Duvido de-o-dó quem se atreva a palpitar. Esqueça. Porque ela não tem nada de especial. Por sinal, não é grande, não tem jardinagem especial, não tem forma definida, nem redonda, nem quadrada. Não vi flores, mas, folhas caídas e grama ressequida e quase inexistente.

O pessoal pisoteia. Os garis fazem varrição com um monte de folhas de palmeiras, entremeio as pedras brilhosas do paralelepípedo. Descubro estas preciosidades pela força do hábito, que me puxa da cama, com um ferrão quente, bem cedo, para as caminhadas. Se teimar em não obedecer, o ferrão do hábito cutuca, começa a me doer a cabeça. Fico com a consciência pesada. Tenho agonia por dentro.

Até aqui, nada demais, porque tem gente demais nas ruas durante as madrugadas. Quero voltar à pracinha Napoleão Laureano, para falar de um memorial, simples, como uma prancha de concreto, de cerca de meio metro de largura, altura de dois metros, tendo por cima uma foto, dez centímetros a abaixo uma inscrição em pequena placa de bronze – “Dr. L. L. Zamenhof (1859 – 1917) criador da língua internacional ESPERANTO.

A plaquinha descascada foi inaugurada em 14.07.84 durante o vigésimo Congresso Brasileiro de Esperanto. Eu me lembro muito bem, que na década de 70 já se falava muito em “esperanto” no Brasil. Havia até cursinho que ensinava a língua, em Goiânia, onde eu morava naquela estação.  O objetivo seria ter no mundo um idioma só. Que se acabasse com esta Torre de Babel de tantas línguas.

Naquela época, ainda jovem universitário, ainda pensava em aprender inglês, espanhol e francês. Que havia iniciado “arranhar” algumas frases, no ensino ginasial.  Quando o universo de línguas existentes, imaginei, isto é coisa pra doido. Era o russo, o polonês, o dinamarquês, holandês, alemão, fora, os idiomas árabes, o hebraico (Israel).

Me conformei em falar malmente o português e já estaria de bom tamanho.  Cheguei até a entrar numa sala, onde se ministrava aula de esperanto. Olhei. Ouvi. Desisti. Ainda bem. O esperanto não vingou. A minha ignorância é tanta, que nem sei, se tem algum pedaço do mundo que o adotou como língua oficial.

Mas, aqui, na pracinha Napoleão Laureano, tem a homenagem a Zamenhof – que acredito, que como eu, só algum desocupado, possa interessar pelo assunto. Mas, ele, deve ter passado a vida se dedicando a pacificar o mundo, com o que lhe é mais de sagrado – a língua nativa. Sim. Ah! Estava esquecendo, a pracinha fica na cidade de Campinas – SP, onde estive em setembro de 2021.