Eu vou falar pra vocês sobre desenvolvimento econômico e social. Começo refletindo sobre as diferentes linhas existentes. Por exemplo, se você abrir um livro, ouvir palestras de economia, vai ficar maluco porque cada especialista defende a sua escola, os seus professores, a sua formação.
Aqueles chamados desenvolvimentistas acreditam que o Estado é o responsável pelo crescimento econômico, por proteger a empresa nacional. Acreditam que a empresa brasileira não pode competir com as estrangeiras. Que o Estado tem que dar subsídios, incentivos, benefícios. Isso é o desenvolvimentismo que alguns políticos defendem com unhas e dentes.
Por outro lado, para os chamados liberais, a economia deve ser gerida pelo mercado, pelos bancos, pelos empresários, que sabem o que fazer. Caberia ao governo cuidar da saúde, da educação e da segurança, e deixar que o dinheiro, os negócios fiquem a cargo da iniciativa privada. Então, há essas duas vertentes que vêm ao longo dos anos se polarizando. Uma defende um lado, que é o estado, a outra defende a iniciativa privada.
Eu acho que o mundo moderno está passando por uma transição, por uma desglobalização, que foi incentivada nos últimos 40 anos, e que está mudando todo o cenário mundial. Mas o mundo não está crescendo como se esperava. A Europa está parada. Os Estados Unidos estão com inflação, os juros estão mais altos. No geral, a gente observa que está difícil pra todos.
A nossa indústria envelheceu. Não é mais competitiva. O Brasil não se preparou para a alta tecnologia. Então precisamos encontrar alternativas, que eu chamo de vantagens comparativas, para sair dessa situação. O que é que temos de diferente no mundo? Nós temos uma energia limpa. Isso é uma vantagem comparativa maravilhosa. Nós podemos produzir muita energia diferente, que o mundo tradicionalmente produz, como carvão e derivados do petróleo.
Temos no Brasil uma biodiversidade que é inexplorada. A biodiversidade amazônica praticamente está guardando a sua vez na economia. Temos as questões climáticas que envolvem tudo isso. Para ser simpático ao mundo, temos que entrar nesse novo viés econômico e explorar o que temos de bom.
Por exemplo, o agronegócio brasileiro é uma atividade diferenciada. Ele conseguiu todas as escalas de bons resultados no mundo devido à pesquisa científica, feita pela EMBRAPA em mais de 50 anos. Então, nós temos que avançar nesse sentido. Pensar uma neoindustrialização voltada para uma nova realidade.
Nós não vamos conseguir derrubar a China. Nós não vamos conseguir derrubar os americanos, mas podemos ser diferentes. Vem aí a Cop-30, em Belém do Pará, que vai discutir as questões climáticas a partir do Brasil. Isso é muito importante, justamente numa cidade que está na Amazônia.
Creio que devemos mudar a rota do pensamento da política de desenvolvimento econômico. O que que é bom para o Brasil? Pensar numa industrialização inteligente. Eu sempre falo assim: tem o agro inteligente e tem o agro burro. O agro inteligente trabalha pensando na proteção ambiental. Já o agro burro é aquele que ocupa áreas indevidas pra fazer negócio, pra criar fazenda, criar em locais que não são compatíveis ou protegidos por lei.
Então, a inteligência brasileira deve se concentrar nas vantagens daquilo que temos de bom pra oferecer ao mundo. Será que nós vamos concorrer com os chips de Taiwan? Com toda parafernália industrial chinesa, ou mesmo alemã, na área da saúde, na área dos ultrassons, na área dos equipamentos radiológicos? Então, nós devemos nos concentrar naquilo que temos de potencialmente verdadeiro para competir e encontrar mercados, e botar gente que consiga vender uma imagem brasileira diferente e positiva para o mundo.