Quero iniciar o meu post de hoje com esta frase que ouvi de um amigo, na caminhada de hoje: “ninguém governa sobre cadáveres”. Fiquei com essa frase na cabeça me atormentando. E resolvi acrescentar mais uma “subfrase” de minha autoria: “ninguém governa com levas de famintos”.
E estamos vendo o Brasil, que vai se guiando com o vento do dólar. Se vem redemoinho, o dólar sobe, e tudo por aqui se descontrola. Se o vento é só de balançar a folha do coqueiro, o dólar sossega, e logo vem o otimismo necessário, de que tanto necessitamos: – agora vai.
E nesse jogo do dinheiro, minha cabeça rodopia, como um peão que brinquei quando menino. O misterioso jogo da esperteza, com ética ou sem ética, muito mais sem ética, movido por uma teia invisível, criado pelo mercado, como se tudo fosse bem normal. É assim mesmo o mercado.
O pobre diabo, querendo ganhar alguma coisa, com seu dinheiro curto, resolve aplicar em ações, porque leu alguma coisa ou o gerente do banco prometeu mundos e fundos – que nunca se erra em investir nas joias da coroa.
Sabe Deus quem controla esse jogo. As agências e corretoras estão cheias, até a tampa, dos melhores consultores do mundo, camaradas afiados até os dentes, para fazer mapas e gráficos, que o bobo leléu, sem nada entender, acha tudo aquilo um milagre encantador. E termina aplicando um bocado dos seus tostões com a impressão de ganho fácil. O chamado mundo dos rentistas. Ah!!! Que sonho de consumo. Não trabalhar e ganhar. Fazer o dinheiro trabalhar para você.
Tudo é justificado no mercado. Tudo. Roubar é justificado. Enganar é justificado. Passar rasteira é justificado. Porque os ganhos para eles são seguríssimos. As teorias dizem – que é assim mesmo. Agora, para o investidor de primeira viagem, termina acreditando que tudo será um mar de rosas, se deixar o dinheiro aplicado por 10 a 100 anos. Minha avó Joaquina, nunca acreditou em banco. Nem em agiota. Nem em dinheiro fácil. Ela ralava. Ganhava seu dinheirinho, escondia, comprava uma égua, uma vaca; comprava cachaça para vender.
Com minha avó Joaquina só tem uma forma de crescer na vida. Trabalhando. Guardando um pouco. Comprando sua casa própria. Botando os meninos na escola. E ensinando todo mundo a trabalhar desde cedo. Varrer quintal, arrumar a cama, rachar lenha no machado, socar o milho no pilão para o cuscuz. Sua filosofia era essa.
E termina que a economia vai se movendo no viés e no revés, deixando um rastro maledicente de gente que enriquece fácil, golpeando os incautos, desempregando gente, criando levas de desvalidos como nos livros de Raquel de Queiroz e Graciliano Ramos. E ninguém chora nem pelos mortos da COVID, nem pelos desvalidos da crise.