A banca de poesia

A banca de poesia

Hoje, domingo, fui à feira livre. Fui sem lista pronta. Da pamonha ao tempero, ao queijo de minas – feito em Goiás, ao repolho, à mandioca, às frutas. Fui andando no labirinto. Até achar a banca de poemas, só de poetas brasilienses. Indaguei: – cadê Nicolas Behr? – Hoje, não tenho Nicolas. O feirante de poemas também é poeta: – Nathan Kacowicz. Sei que poeta é um dependente químico da palavra. Pelo jogo delas. Pela mistura delas. E até parece que a poesia o domina.

Ninguém faz poesia para ganhar dinheiro. É líquido e certo: viver exclusivamente da poesia é um sonho. E o poeta  sonha. Ele acha que será encontrado pelas massas. E que sua poesia alimentará o povo. Como um maná dos céus. Na verdade, o poeta nada mais é que um cordelista. Expõe suas roupas coloridas nos varais. Dependuradas. Ou nas bancas da feira. Ou nas calçadas. De certa forma, o poeta de raiz é um cara de pau.

Ele incomoda mesmo. Sai entre mesas de bares, restaurantes, nas esquinas, oferecendo o seu produto criativo. Para tirar a “mania” de fazer poemas, o poeta deve ser tratado. Quem sabe uma sessão de eletrochoques. Uma dezena de internações desintoxicantes. Mesmo assim, ninguém garante que não haverá recaídas. O poeta deve ser melhor estudado, do fundo da sua alma à superfície, para se clarear a forma de tratamento. Nunca vi tanta ilusão numa só pessoa. Digo, até mesmo, obsessão, tal qual os contadores de estrelas.

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