O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 48

O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 48

Só se fala em “lockdown”, por decisões, em maioria, de prefeitos. Porque eles são as autoridades em seus territórios e não podem ser negligentes com esta onda de contaminados e de muitos mortos, a cada dia. Do outro lado, bares, restaurantes e outras atividades fechadas, ora noite, ora dia.

Zulmira morreu nesta madrugada (domingo dia 28 de fevereiro de 21). Imaginei COVID, não foi. Sadia, dormiu bem, infartou. Ela foi professora por toda vida, ali bem perto, em Santa Luzia do Oeste – RO. Matias ficou na UTI por muito tempo, semana passada, morreu. Ele, querido professor de História. Um mestre. Ele, COVID. A gente estranha quando morre alguém que não seja pela COVID, porque virou moda morrer pelo vírus e suas consequências.

Nesta hora de tormento (tanto das pessoas internadas e graves, quanto dos tantos desempregados, comerciantes aflitos), chegou a nossa hora, povo brasileiro, sempre solidário, acrescentar mais um mandamento à sua lista – prestigiar os serviços que estão passando por apuros.

O que fazer?

Chegou o momento de prestigiar o comércio local. Pedir comida pela Internet. Você pode deixar o gás de reserva, o cozimento, o movimento da sua cozinha, para colaborar com todos aqueles que estão sem ganho. Dessa forma, você pode manter alguns empregos. Abraçando o seu mundo local.

Tenho chorado muito. Achei que era durão, daquele tipo que diz: homem não chora. Chorei pelo Barão, amigo do coração, que morreu mês passado. Difícil voltar a Ariquemes e não o encontrar pelas madrugadas, fazendo suas caminhadas, parecendo ser o acendedor de sóis. Barão foi de COVID.

Eu falei aqui só de comida, mas pode ser de muitas outras necessidades que temos, que pode nos levar a prestigiar o comércio local, tão ameaçado pela pandemia. Essa onda de compartilhamento e solidariedade podem segurar o nosso país. Porque não tem data para esta pandemia acabar.

Ano passado, em fevereiro e março, imaginei que em julho já tivéssemos livres do coronavírus. Que nada! Vieram outras variantes para nos atormentar ainda mais. O que nos resta, agora, é um ajudar o outro e fazer todo esforço possível para não deixar famílias sem ter o que comer.

O “novo” normal é isto. Reinventar o jeito de viver a sua vida e a vida do outro.

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