Em Rondônia, o futuro da América – Parte 5

Em Rondônia, o futuro da América – Parte 5

Nos quatro textos anteriores tratei do momento histórico único pelo qual o estado de Rondônia passará nos próximos cinco, dez anos, em função dos avanços estruturais pelos quais passará no curto prazo. Abordei os avanços acumulados nos meus dois mandatos de governador, continuados pelos meus sucessores, e consolidado pelo meu mandato de senador, com agenda estratégica voltada para o que é mais estruturante.

Enfatizei, também, a oportunidade que a eleição de presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado me ofereceu para ampliar os espaços do mandato nesta direção. Ressaltei as vantagens comparativas do estado em função da sua localização geográficas na América do Sul, da pujança econômica do agronegócio local e da agenda de ações reservadas ao território pelo Novo Programa de Aceleração de Crescimento – PAC.

Reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado

O que se vislumbra no horizonte é um ciclo de desenvolvimento mais consistente do que todos os outros já vivenciados pelo estado. Ao contrário daqueles, em que apenas parte da sociedade se apropriou dos resultados, o ciclo que chega agora pode beneficiar a todos.

Ora, se haverá espaço para o crescimento econômico do estado, as empresas, existentes e novas, ganharão. Os consumidores ganharão. Os governos ganharão. No entanto, somente haverá ganhos coletivos de fato se os trabalhadores também forem beneficiados.

Em mercado globalizado, mercadorias e mão de obra são tão fluídas quanto a moeda. Se deslocam com a mesma rapidez. Logo, neste ambiente, a disputa por empregos não se limita aos territórios locais, ou aos trabalhadores mais próximos do local onde a vaga é aberta. No caso dos empregos mais qualificados (e de maior remuneração), a disputa é global – e acirrada.

Em todas as ações definidas pelo Novo PAC para o estado de Rondônia haverão demandas por mão de obra qualificada. Desde a construção da ponte binacional Brasil-Bolívia, passando pela concessão da BR 364, pela melhoria da navegação no Madeira, dos portos e aeroportos até chegar naquelas que resultarão do aumento no número de empresas e das centenas de atividades produtivas que aqui se instalarão, estas originadas do continente inteiro.

Portanto, urge o fortalecimento da rede de formação profissional instalada no estado – e, se necessário, complementá-la. Neste sentido, a rede dos Institutos Federais, com 10 campi em operação, mais o de Buritis a ser instalado, me parece ser o bastante para atender setores importantes da economia. É importante ressaltar que o IFRO possui excelência na formação técnica de nível médio e na formação superior de tecnólogos em áreas específicas.

Para os estudantes do ensino médio fora da Rede IFRO, o Programa Pé de Meia, do MEC, parece ser uma solução importante para aqueles jovens que buscam apenas a conclusão regular. No programa estão os elementos necessários para que os alunos permaneçam na escola e, assim, concluam ciclo educacional tão importante para a construção de carreiras profissionais minimamente estruturadas.

No caso de Rondônia, o estado conta com o Instituto Estadual de Desenvolvimento da Educação Profissional – IDEP, criado ainda no meu governo. O IDEP possui estrutura para promover formação profissional para os segmentos menos orgânicos de trabalhadores. Ou seja, trabalhadores em fase de conversão laboral (mudança de profissão), trabalhadores eventuais, desempregados, trabalhadores por conta própria, trabalhadores cooperativados e potenciais empreendedores.

Na mesma direção, o Ministério da Fazenda propõe aos estados a conversão de parte de suas dívidas com a União em investimentos para a formação profissional dos seus trabalhadores. Do mesmo modo que pensamos para Rondônia, o Ministro Haddad planeja para o Brasil. Na avaliação dele, o país vai vivenciar um ciclo de crescimento de tal grandeza que será necessário preparar mão de obra de forma intensiva para atender a demanda. A pactuação com os estados parece ser um caminho acertado – e Rondônia também pode se beneficiar disso.

Por fim, e não menos importante, é necessária a compreensão das organizações que representam os trabalhadores do estado sobre o momento que se aproxima. O mercado de trabalho passará a ter recorte continental, de modo que o nível de organização e competência dos sindicatos, das federações, das confederações e das cooperativas pode ser a diferença entre a empregabilidade ótima ou o fracasso na ocupação das vagas que serão criadas. A profissionalização da gestão destas organizações é um imperativo inadiável.

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