Ninguém pode desqualificar o trabalho extraordinário da Força Tarefa da Lava Jato. Ela veio como um machado gigante, abrindo uma brecha em nossa história e atravessando o muro do que se tornou trivial, daquilo que rondava as relações entre a política e muitas empresas. Uma comunhão de corrupção entre as partes, que vinha andando, ninguém sabe se era antiga, do Império, da República, ou de algo mais recentemente. O certo é que era muito escandaloso.
Tudo bem. Tudo certo. Percebi que esta “OPERAÇÃO” foi conduzida por seres humanos, e nesta condição, sujeita a erros, emoções, e até mesmo extravagâncias. Como as que se viu, sem discrição, com as prisões temporárias, provisórias, em que o suspeito era conduzido, surpreendido, com o aparato da mídia, que estampava, em todos os jornais, o fato acontecido.
Ali o suspeito já estava condenado. Arrebentado. E quando julgado inocente, ficava assim mesmo, marcado com o ferro do pecado original. E a equipe de jovens procuradores não tardava em convocar uma entrevista coletiva, descrevendo os fatos ainda não analisados e investigados, com refino técnico.
Disto tudo, vieram suicídios e mortos-vivos encafifados em casa. Como se estivessem marcados para morrer. A gente entende que a vaidade é própria do homem. E mostrar serviço sempre foi uma das tentações humanas. Na Inquisição foi assim também.
Afora isto, tudo foi extremamente necessário. Um choque nos usos e costumes. De agora em diante, a Lava Jato deve ser entregue ao povo, a todas as instâncias da justiça, associada às necessárias reformas do Estado Brasileiro.