Eu tenho o meu hobby. Acho que todo mundo tem o seu também. E não é só um, são vários. Por serem vários, vou contar o meu prazer em plantar árvores frutíferas. E isso vem de longe. Ninguém nunca me pediu para fazer isso, mas faço por onde moro, por onde ando.
No quintal de casa, todo espacinho eu planto. Já plantei coco. Cacau. Jabuticaba. Limão. Cebolinha. Hortelã. E vou variando. Quebrando a monotonia da casa. Há jarros com flores, rosas do deserto, arbustos. Na frente de casa, na calçada, há duas árvores frondosas, que sombreiam. As pessoas param ali para descansarem do sol tropical. São as únicas na rua inteira.
Na fazenda, nunca fiz conta do que já gastei com “mudas” de castanha do Brasil. Duas mil plantadas nos pastos e no meio das áreas de reserva. Muitas delas o gado comeu. Plantei baru, pequizeiro, mangueiras, goiabeiras, bacuri (este eu trouxe semente do Amapá), graviola, cinquenta pés de cacau produzindo. Cupuaçu.
Vim para Brasília, aqui no Noroeste ainda em construção, peguei um espaço da rua de lazer para eu mesmo cuidar. Um pequeno espaço. Plantei mangueiras, limão, goiaba, abacate, mexerica, laranja – total de dezessete. E neste período de seca, Leonardo e eu, bolamos um sistema de irrigação, com galões de cinco litros, que ficam gotejando no pé de cada árvore. A cada dois dias vou lá e encho-os de novo.
É uma briga permanente. Alice reclama – que é muito mais barato ir ao mercado e comprar essas frutas do que gastar tempo e dinheiro plantando e cuidando. Eu nem respondo. Porque não tenho argumentos. Ela tem razão na ótica do custo e benefício. No meu caso, o custo e benefício não entram na equação. Apenas, a leveza do benefício e da injustificada satisfação que tenho. Até me parece que é um vício.