Fico olhando o passado. E vejo como tudo se repete. Parece que por maldição. Se pelo menos repetisse para melhorar, ainda se teria um conforto.
Jerônimo Santana tinha particular respeito pelos ribeirinhos. Pelos índios. Pela navegação no Guaporé. Ele criou a ENARO (Empresa de Navegação de Rondônia). Não tardou, a empresa se transformar em cabide de emprego. Logo morreu. No Governo dele, fui Secretário de Estado da Saúde e me dei a construir barcos hospitais, para atendimento às comunidades ribeirinhas, extrativistas, indígenas e quilombolas. Foram chamados de Barcos Seringueiros (I, II, III).
Não demorou, todos foram para o toco. Acabaram-se. No meu governo, em parceria com a Hidrelétrica de Jirau, foi construído o Barco Hospital Walter Bártolo, que caminha para o mesmo triste fim. Parece uma maldição.
Eu fiz o compromisso, de ano a ano, enquanto tiver ocupando o mandato de Senador, destinar os recursos para custeio da embarcação, para que continue nas viagens sistemáticas, rio acima e rio abaixo. E atender, justamente, as populações mais isolados do nosso Estado.
Nada justifica “matar”o barco. Nada. Triste fim, para o nosso Brasil, que vive cronicamente, neste efeito sanfona: – um faz, outro desfaz. Por isto, acho que o Brasil é rico demais, para estar ainda respirando, porque o desperdício de dinheiro é imenso. Pelo que está feito e por tudo aquilo que foi iniciado e não terminado.