Desde o ano passado, que a tudo se culpa a pandemia. De certo, é ela mesma que veio remexer o caldeirão de feijão. De um lado ficou o cru. Do outro lado, o queimado. Subiu um cheiro ruim. As escavadeiras fazem o trabalho, como outro qualquer. Rastela chão. Abre valas.
O assunto piorou.
Uma chuva de ideias sobre o fim do mundo. Uma coisa ficou combinada – a linguagem e o discurso. O medo também. Bares, restaurantes e academias pagaram o pato. Quem pode, pode. Quem não pode, usa ônibus lotado.
O caldeirão ainda está no fogo. Um grão de feijão virou gente. Tem alguns que conseguem saltar fora. Foi-se nivelando a morte aqui por dentro. Fora, ela é diferente, vem com outras formas, até mesmo com a fome, vendo o feijão ferver.
Não quero me agarrar à ideologia, não será a solução. A política agora é outra. Que ainda não sei o nome.
O que mais se sabe é que ainda a água não cobre o pé. Me dá tanta vontade de me encher da Manoel de Barros, para vadiar de coisa nenhuma, de peixe e passarinho, que vai transformando o rio em cobra. O coronavírus parece muito com veneno de cobra cascavel. Veneno demais para o mundo inteiro.