Eu sei o que é febre aftosa porque já comprei novilhas e garrotes afetados, nos idos dos anos 2000. Era um trabalhão danado. É uma doença que judia demais do gado, afeta os cascos, forma ali no meio uma lesão ulcerada, depois vem o granuloma (gabarro). A boca cheia de vesículas, úlceras, o boi baba, manca, não come, emagrece, quando não morre.
Um animal afetado nunca mais será o mesmo.
A lida fica mais difícil, a doença é contagiosa, aumenta o serviço do vaqueiro, faz-se o pedilúvio, com cal, sulfato de cobre, formol, mais misturas para o gado passar por ele, para aliviar as lesões nos cascos.
Foi criada a IDARON em 1999 (Agência de Defesa Animal de Rondônia). A vacinação contra aftosa foi obrigatória. Uma parceria bem-sucedida entre criadores, Estado e a agência de vigilância. A vacinação ocorria duas vezes por ano, tudo muito bem fiscalizado. Quem não vacinasse era multado.
A vacina foi obrigatória. Os produtores compravam, aplicavam e depois comprovavam ao órgão de vigilância. O pessoal se acostumou. Pegou-se confiança na vacina. Até que mais recentemente, 2020/2021, Rondônia recebeu o prêmio máximo do serviço bem feito.
Depois dos inquéritos sorológicos relizados ficou comprovado que o vírus não existia mais no Estado. A vacinação obrigatória nos levou a este ponto – o de hoje em dia não se precisar mais vacinar. Rondônia está livre de febre aftosa sem vacinação.
Então, a moral da história é a seguinte: boi é boi. Homem é homem. Mas dá para fazer uma analogia com a COVID-19. Se a vacina contra aftosa levou o Estado à condição de ser livre da doença, o mesmo raciocínio pode ser aplicado ao coronavírus. Só sairemos da pandemia da COVID se vacinarmos toda a população, adultos e crianças.
Não se deve colocar ideologia em um tema que é científico.