A vida vai mudando no decorrer do tempo. Eu, antes, não necessitava dar um cochilozinho depois do almoço, não. Tocava direto. Almoçava e já ia para o hospital. Eu sou médico, né? Acabava ali, daí a pouco, já estava voltando para o consultório, para fazer uma cirurgia, atender um paciente, e ia tocando. Na política também era assim, o dia era curto. Eu fui ocupando cargos… deputado, depois prefeito, depois governador e agora senador, e ia tocando.
Parece que nesses últimos dois anos, quando chega depois do almoço, eu tenho ficado um pouco mais sonolento, precisado de tirar uma soneca, me esticar num sofá, onde estiver, me encostar num cantinho, fechar a porta e, se possível, dar um cochilão. Se não der um cochilão, pelo menos tenho que fechar os olhos e relaxar um pouco, respirar fundo. Dali uns quinze, vinte minutos, lavar o rosto, escovar os dentes e sair para o trabalho, né? Mas isso é coisa que eu tenho observado como necessidade, senão eu fico lento na parte da tarde.
Eu via isso com meu pai e minha avó, que tiravam uma sesta, e achava que era coisa de velho, né? Mas não, eu estou vendo agora que até os novos precisam. Vejo ainda que em muitas empresas hoje em dia, cheias de funcionários, montadoras de automóveis, escritórios grandes, já existe uma sala da preguiça. Uma sala grande, onde todo mundo almoça e se recosta num sofá pra procurar cochilar. O rendimento é outro em tudo, tanto pra depois você escrever, como para você falar. Pra prestar atenção nos outros também é importante.
Imagine você ficar assim, um cara falando com você, e você com o olho pra cima, revirado, sem entender, às vezes, o que é que a pessoa falou. Isso é muito chato, desconfortável. Então, hoje em dia eu sou defensor do cochilo pós almoço. Até recomendo a você que está lendo este meu artigo, aqui do blogue, que passe, de agora pra frente, a dar um cochilo depois do almoço.