Severina

Severina

Lá em Rio Crespo, conheci o Pacífico — um sitiante dos mais queridos, casado com a Severina. Isso foi lá pros anos 70 e poucos… talvez 78, 79, por aí. Gente boa demais, o Pacífico. Humilde, trabalhador, cuidava com afinco da rocinha dele, e a Severina, sempre companheira, ajudava em tudo. Tiveram muitos filhos. Me aproximei deles primeiro como médico, depois já na política.

O tempo foi passando e, como tantas histórias difíceis daquela época, Pacífico partiu cedo, vencido pelas duras condições dos tempos de então. Severina ficou viúva, com uma porção de filhos pequenos pra criar. E eu, do meu jeito, nunca deixei de estar por perto. Dava apoio, ajudava no que podia. Ela ia ao hospital, eu fazia o atendimento, cuidava dela. E assim nasceu uma amizade bonita, sincera, dessas que o tempo só fortalece.

Cada vez que eu voltava a Rio Crespo, uma parada na casa da Severina era certa. Ela foi envelhecendo, mas o carinho entre a gente nunca mudou. E ela nunca deixou de me chamar de “doutor” — sempre assim, com respeito e afeto. Mesmo quando já era deputado, prefeito… pra ela, eu era o doutor. E isso tem um valor danado.

Até hoje, tenho um apego profundo pela família dela — e por tantas outras famílias pioneiras de Rio Crespo. Gente forte, guerreira, humilde, que carregou nas costas a construção da nossa cidade, do nosso estado. Rio Crespo, que era distrito de Ariquemes, hoje é município graças a essas mãos calejadas que abriram linhas, picadas, e venceram o mato e a malária.

Daria pra listar muitos nomes, todos especiais, todos parte viva dessa história. Mas hoje é da Severina que quero falar — e dessa foto que registra sua presença. Porque ela é, sim, parte fundamental da história da fundação de Rondônia. E merece ser lembrada com todo o carinho e respeito do mundo.

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