Os candidatos vivem preparando livros de propostas. Quando a gente compara um com o outro, percebe rápido: são todos muito parecidos. E agora, com a inteligência artificial, então… basta pedir à plataforma. Em dois minutos o plano está pronto. Slogan também. Jingle também. Estratégia também. Se for por isso, melhor votar no Google ou na IA. Eu mesmo, confesso, votaria logo na IA.
Mas aí pergunto: e se o candidato nem apresentasse livro nenhum? E se repetisse apenas uma palavra, três vezes — educação, educação e educação? Não seria melhor assim? Hein?
Com conhecimento, o país muda. É dele que nasce a inovação. É ele que faz a produtividade aumentar, que melhora a qualidade da saúde, que espalha mais higiene, que reduz a violência. Conhecimento gera riqueza.
O problema é que, no Brasil, educação não dá voto. Todo mundo fala dela. Quase ninguém cumpre. Ainda assim, se é para ganhar ou perder, não há proposta mais importante que essa.
O diabo é que a educação infantil e o ensino fundamental são responsabilidade do prefeito.
E vou lhe dizer a verdade: a maioria das prefeituras não está nem aí para educação. Prefeito acha que, tendo sala, transporte e merenda, está resolvido. Os pais também acham.
Assim, o ciclo se fecha. Repete. Não avança. E o país fica exatamente onde está.
Veja o Vietnã. Sofreu como poucos, afundou na guerra, mas ressurgiu. Avançou tanto que hoje exporta tecnologia, café e até cacau.
Nós aqui exportamos minerais brutos, importamos aço e peças. E nenhum país fica rico vendendo só produto primário, com preço decidido em bolsa lá fora. Um dia sobe, outro desce. Commodities. Assim, enriquecemos os outros — não a nós mesmos.
Só com educação de qualidade poderemos sair do atraso. É olhando aluno por aluno, garantindo que ninguém fique para trás. Essa, sim, deveria ser a proposta fundamental.
Porque livro de governo pode até ser escrito por inteligência artificial.
Mas um país só se escreve com gente bem-educada.