Olhando para trás, tive poucas casas de morar. Da casa do Bairro Feliz em Goiânia, as melhores lembranças. Ali que me instalei depois do casamento e nela que praticamente nasceram as duas filhas. Plantei um pé de abacate no quintal, frondoso, produtivo, também inesquecível. Mais à frente, o apartamento no Setor Sul em Goiânia, onde as filhas moraram para estudos e universidade.
Raiz mais funda, foi a minha casa em Ariquemes, Alameda Pequiá 1577 Setor I, mais de 40 anos de vivência, a casa de alvenaria substituiu a de madeira e cada detalhe nela tem uma história inesquecível. As hortas no quintal, os coqueiros, pés de acerola, jabuticaba, rosas do deserto, folhagens ornamentais. Sempre com rodízios das plantas, os cachorros de grande apego, várias raças e gerações. A casa ficou dentro de nós e nós dentro dela.
Foi a fase da vida, do exercício da profissão, do natural crescimento econômico e mais tarde, na política. A casa viu tudo. Nem preciso falar do apego pelas tralhas, que foram se acumulando, os livros e revistas, recortes de jornais, a mesa da sala obra do marceneiro João Capelette, uma prancha única de cerejeira, que poderá durar séculos. Termina que a casa adquire a cara do dono.
Mesmo já vendida, ela ainda continua dentro de nós, registrada em nossas mentes, os degraus da escadaria para o andar de cima, em madeira de lei, obra de mestre Anildo Schosller, que no tempo longo de uso, não sofreu nenhuma folga nos encaixes. Não tardará ser demolida, para se transformar numa loja, acompanhando os exemplos da rua, que no passado era residencial e que avança para lojas que mudaram a fisionomia da alameda. A minha casa não tem erro, a única da rua com duas árvores frondosas na calçada, onde nos dias ensolarados, as pessoas param um pouco ali, para descansarem.