Os dezoitos dias sem energia no Amapá, que pode ser mais, que pode ser até nem sei quando, é um absurdo. Até porque vêm as sequelas, um fio a fio de sequelas, o povo estarrecido, porque se pelo menos estivéssemos na Idade Média, ou mais à frente, poderíamos aceitar os lampiões a gás, as lamparinas, as tochas.
Não agora, no Século XXI, 2020. A vida humana depende da energia, a energia do corpo e a energia do poste, a geladeira, a TV, a Internet. Quando tudo se pode prever, prevenir, fiscalizar, antecipar crises.
O que vem acontecendo no Amapá, já vinha em Roraima com a imigração Venezuelana e a outra possibilidade de faltar energia, por vários outros motivos.
O Rio de Janeiro, como se diz “quebrado”, tem muitos governos governando a cidade, e ninguém sabe por onde começar a arrumar a casa.
Assim, Minas Gerais com seu caos fiscal, o Rio Grande do Sul do mesmo jeito, parece um efeito dominó, e nem preciso mais falar dos demais Estados e Municípios deste organismo chamado Brasil. Órgãos palpitantes, ainda vivos, arquejantes desta federação sem coragem. Sempre um esperando pelo outro. Um esperando um precedente, um direito adquirido, um jeitinho, enquanto prospera a crescente desigualdade.
Um país quase, ainda, escravocrata. Onde se mata negro a rolé. E assim vai, quando nem mesmo uma agência reguladora cumpre o seu papel de fiscalizar, na hora certa. Todas elas infiltradas de gente ligada ao Governo, quando deveriam ser totalmente independentes.
É assim que começa o fim do mundo.
Eu fico aqui imaginando, se fosse eu o Presidente, o que faria de especial para sairmos do buraco? – Já que temos tantas crises, basta olhar pela janela da sua casa, que você enxergará uma crise.
– Pegaria da educação, que se sabe ser lenta e de longo prazo. Mas pegaria essa crise (a da educação) enquanto iria arrumando a “a boca do jacaré”. Diferença entre receitas e despesas, atacaria os privilégios, mesmo que viesse a ser assassinado. Porque privilégio é como crack. É bom. Dá prazer. Ninguém solta.
Alguém precisa morrer para salvar o Brasil. Morrer sim, porque caso alguém mexa em vespeiros de privilégios e saia vivo será por milagre. Mexer com incentivos fiscais neste país é como assanhar os diabos. Do mesmo jeito com os altos salários. Do mesmo jeito com as grandes fortunas. Do mesmo jeito com as taxações de dividendos das aplicações financeiras. Ou “triscar” na vida concentrada e monopolista dos quatro ou cinco bancos brasileiros.
Há de surgir um estadista neste país. Para pensar por todos e se sacrificar, até porque para ser líder, antes de tudo, precisa do sofrimento. Ser verdadeiro líder é carregar cruzes na via-sacra. Ou fazemos as “nossas tarefinhas”, ou o nosso país, inteiro, entrará na mesma crise do Amapá, pela falta de energia, de água, de comida, de alento, de esperança. A fome é o estopim aceso para conjuração.
Digo o a vocês que não conhecem o Amapá: – é um Estado maravilhoso. Morar ali é um privilégio. Não agora, nessa calamidade.