Certa ocasião, quando eu era governador, mais ou menos ali no meu sexto, sétimo ano de governo, pedi a minha secretária Michele Machado, pessoa próxima, para fazer um levantamento dos meus e-mails enviados para o secretário de educação. Ela fez o levantamento de uma quantidade imensa das mensagens que eu encaminhava quase todo dia para os secretários. A minha preocupação era diária com a educação. Ela levantou esse mundo de mensagens e eu falei, sabe de uma coisa? Eu não vou fazer mais mensagem, não.
Aí eu resolvi escrever um compilado dessas mensagens que eu chamei de “Educação Arroz com Feijão”. Eu escrevi ali mais ou menos uns quinze itens, colocando o ABC do que era importante na educação para o estado de Rondônia.
Eu fui pontuando tudo. O número um, por exemplo, seria a formação do professor. Ponto número dois seria a preocupação com o resultado do IDEB. O aluno ao entrar na escola teria realmente que aprender direitinho. Seria uma gestão compartilhada com estado e municípios. Um ajudando o outro, e uma série de coisas que eu fui colocando. Enchi ali umas duas folhas de papel e falei: olha, não vou mais mandar mensagem de agora pra frente. Está aqui os mandamentos que eu quero da educação. Mandei pra eles.
Eu acredito que a gente não precisa fazer viagens internacionais, visitar a escola da ponte de Lisboa, escolher a escola da Dinamarca, da Noruega, e de outros países que têm alto desempenho escolar. A gente pode copiar os modelos cearenses, paraibanos, pernambucanos, piauienses, paulistas, aqui e ali, de municípios exemplares, que conseguem fazer uma diferença muito grande.
Eu sempre me baseei no modelo seguinte: ter um bom secretário de educação, compromissado, com excelentes secretários municipais de educação, bons diretores de escola, preparados para o ofício, que faça a gestão complexa, que é uma escola. Para, assim, gerir meninos, gerir professores, gerir pais, gerir o entorno da escola, do bairro, ou onde ele estiver inserido.
Penso que o gestor escolar deve ser um grande líder, que consiga discutir, partilhar democraticamente com os professores as boas práticas e ideias. Buscar o apoio, a sintonia. O bom diretor é como se fosse um bom técnico de futebol. Tem que mexer com o psicológico dos professores. Levar motivação. Fazer com que o comportamento seja um avanço da qualidade. A gente pode cuidar de cada aluno como um ente precioso, e ninguém pode ficar pra trás.
De tal forma que, se um aluno não estiver bem naquela escola, ele deve ser apartado por uma temporada pra reforçar o seu conhecimento e retornar com igualdade para a classe. Então, muita coisa a gente pode fazer. São detalhes que não são detalhes importantes. Mas isso tudo tem. Bons exemplos brasileiros que as cidades menores, as cidades que estão atrasadas, podem fazer.
Eu quero parabenizar, à distância, o governador Helder Barbalho, do estado do Pará. O Pará sempre foi um estado com péssimos indicadores na área da educação (ainda não está o ideal), mas o avanço que teve o estado do Pará no atual governo do Helder Barbalho é impressionante. Além disso, eu quero parabenizar também o estado do Ceará. Das cem melhores escolas brasileiras, setenta estão no estado do Ceará.
Isso é algo fascinante, extraordinário! Ressalte-se que há 25 anos governadores e prefeitos estão realmente imbuídos na melhoria da educação daquele estado. É assim que nós temos que colocar a educação: prioridade.