Dia 4 de agosto, domingo, Rondônia amanheceu muito fria. Este “muito” frio pode ser 15, pode ser 20 graus, ou mais ou menos. As ruas de Ariquemes ficaram vazias como nunca. Todo mundo deixou de levantar cedo, com medo da friagem. E ficou ali, na cama, enrolado no cobertor.
Quem vive na Amazônia só vê frio de zero grau, geada ou neve, na televisão. Um ou outro, abastados, nas viagens aos países temperados experimentam o gosto do frio, e compram roupas e agasalhos, que ficam pendurados em casa como lembranças memoráveis. E o tempo passa tão ligeiro, quando menos se espera, já se passaram dez, vinte anos, e os casacos ali imprestáveis pelo desuso.
Recebi as fotos, até do cemitério de Ariquemes. Eu sinto muito a morte do José Fernandes, pioneiro da cidade, um forte abraço aos filhos, de tanta ternura e família tão grande. Estava falando do frio (friagem), que nada mais aquece, senão o abraço, que acalma o coração e esquenta a carne.
Eu sou guiado pela ciência. Acredito nela. Na meteorologia, nos movimentos dos mares, dos malefícios dos gases que provocam o efeito estufa e creio na importância da Floresta Amazônica em pé. Acredito que a poluição prejudica a vida na terra, que o lixo pode ser melhor aproveitado. Acredito na importância dos animais, no equilíbrio natural dos seres vivos. E que o homem pode conviver muito bem com os fenômenos e com os bichos.
A friagem vai passar. Só três dias, e encontraremos novamente com o nosso calor de cada dia. E com certeza, voltará, bem logo, as chuvas torrenciais sobre a nossa imensa Amazônia.