Eu sou Elizete Maria, que me
Esqueço de mim, para ser Muriaé
Acho ardente e que não sou gente
– Sou agora, um número: 6 de setembro
Porque me vejo na cidade
Espelhada de mim
Só eu existo aqui?
Maria-é
As pedras das ruas alisadas
Pelo batido dos meus calçados
Lixo a pedra com meu olhar de cinzel
A cidade tem seu ritmo sem pressa
A carroça passa no seu batido de samba
Torço o nariz na curva da rua
Lá vem a tarde vermelha!
Despertada pelos sinos das igrejas.
E o desatino subindo e descendo,
Hormônios afoitos, os de menos, mais ou menos
Os sinos chamam e a cidade vai se acomodando
Para o jantar e bota ordem nos costumes.
Pombos tomam a cidade, revoadas de
Passarinhos se acomodando na praça da matriz
A musicalidade de todos os sons e
Sinistro converseiro de pessoas falando
De mais um dia e a vida.
Muriaé…. Quem tu és? Quem te fizeste e quem te vês?
A vista de cada um se acomoda e escapa, nada surpreende
A sua narrativa de feiras, ladeiras, ladrilhos, bancos e praças.
A gente vê história que se choca
Com os olhos vitrificados nas telas dos celulares
A cidade virou clique. Selfie. Novos amores distantes.
Fotos viajantes.
Das entrelinhas vem o queijo de Minas, o sotaque de Minas,
Vem São Paulo de Minas (o santo).
Vem a procissão e a ladeira. A dor na perna de subir e descer
A dor passa.
Vem a vida e sua narrativa própria
Vem
A admiração pelos detalhes, vem as pessoas estranhas.
Mas, fica ali, agarrada na fé, as pedras, as ruas que escondem segredos
O ritmo da cidade mineira que gosta de ser assim.
A simplicidade das manhãs cantadas.
Noites bordadas de sol, estrelas que mudam para o chão,
Morros, cores e eu sou Elizete Maria
Conhecida como mulher de Muriaé.
(Confúcio)