Nosso destino é feito de ajustes e desajustes.
Vivemos o tempo da incerteza:
um mundo em guerra,
democracias sitiadas,
políticas grotescas que soam como ecos —
Trump, símbolos da sombra.
O Brasil, ainda fechado em si mesmo,
latino,
preso às correntes do passado:
a escravidão que ainda sussurra,
o patrimonialismo que nunca nos deixa.
Na política, o mundo se inclina à extrema-direita,
às autocracias que se erguem como muros.
Como sonhar, então,
um orçamento de esperança?
Cada presidente inaugura um Brasil novo,
um redescobrimento,
uma promessa que se reinventa.
Vivemos nos redescobrindo
como quem costura um cobertor curto,
que nunca cobre inteiro.
Seguimos no improviso,
um país de crises fiscais,
onde cada governante gasta sem poder
e o próximo apaga incêndios.
E se o Brasil não existisse,
faria falta ao mundo?
Ao menos, cuidar da educação:
ajustar e educar,
olhar para os submundos esquecidos,
levantar o pó escondido sob o tapete.
Regular o caos da internet,
conter o crime que se infiltra por suas frestas.
Um país dividido,
polarizado.
Na semana do julgamento de Bolsonaro,
falamos de futuro e de orçamento,
buscando ânimo,
enquanto os anos correm,
e os golpes, sempre mais frequentes,
nos atravessam.
Nosso destino parece ser este:
viver em julgamentos permanentes.
Um Congresso que governa sem nome,
sem parlamentarismo,
mas que manda, sim,
segura o Executivo pelas rédeas,
e no fim,
dá cavalo de pau.