Minha mãe, se estivesse viva, teria feito, no último dia 30 de abril, 93 anos. Até onde sei, só se comemora aniversário para os vivos, já que, com a morte, tudo se encerra, e o que vem pra frente não interessa mais. Penso, no entanto, que, se eu estou vivo, ainda aqui, minha mãe também está comigo, bem viva. E é por isso que escrevo este artigo para ela. Para cantar o seu merecido “parabéns pra você”.
Todos nós temos encantamento pelas nossas mães. Elas representam as nossas maiores lideranças. Elas transmitem pra nós os seus DNAs; os seus jeitos, trejeitos, temperos, broncas, abraços… e, também, as suas lutas.
Minha mãe, eu e demais membros da nossa família vivemos no sertão de Goiás. Cidade pequena, onde todo mundo era parente de todo mundo. O que um comia o outro comia. A culinária era padrão social. No tempo do pilão. Em que tudo se fazia em casa. Não havia geladeira. Nem TV. Nem se sonhava com Internet. Ela teve oito filhos. Era artesã, bordadeira, professora de datilografia, e ainda tinha tempo para cuidar da filharada, que nascia a cada dois anos. A cada dois anos tinha gente nova em casa.
Se eu ainda não tivesse nascido e pudesse escolher uma mãe – juro, escolheria a mesma. A mesma que hoje me deixa saudades… a mesma que deixa lembranças vivas de como criar filhos na escassez. Sim, Anelides Aires Moura (solteira tinha outro sobrenome – Conceição), você morreu e não morreu! Afinal, você tem seus genes esparramados em progressão geométrica mundo afora. Parabéns pra você!!!!!