Da minha janela
Decolo…
Sobrevoo agora o Paranoá
Cruzo os arcos da
Ponte JK.
Continuo meu voo
Suave
De braços abertos
Como uma asa delta.
Dou uma olhadinha
para o céu
Largo…
Famoso…
Azul…
Agora estou plainando
Sobre os palácios
Do Planalto e
Da Alvorada.
Mais adiante as abóbadas
Côncava e convexa dos poderes
Que inclui e exclui
Como o abrir e fechar
Das águas-vivas…
Os anexos do congresso…
Mais adiante a catedral
Onde o povo clama a
Deus por soluções…
Vou pousar logo alí
Na Rodoviária do Plano
Na lage fria de concreto…
No piso inferior
Camelôs gritam e vendem
De um, tudo…
Pessoas apressadas
Em passos ligeiros…
A noite chegam
Os hóspedes da rua…
Hoje eles não vieram…
O abrigo está deserto…
Vazio…
Em silêncio…
Poesia de Vanda Moura em homenagem à Brasília