Anos atrás fui conhecer a Itália. Alice, Isadora (neta) e eu. Como sempre, línguas estrangeiras não manjo nem para o gasto. Coisa simples, como: sabão, não sabia falar nem inglês nem italiano. Saí para comprar sabão. Primeiro, corri os corredores do mercado inteiro procurando. Não achei.
Tive que me comunicar por gestos. Esfregar a camisa, para o camarada entender e me mostrar. Eu queria sabão de coco. Daí veio outra complicação. Que era o coco?
Pior foi com Alice, não queria que a camareira arrumasse o quarto naquele momento. E caiu de português em cima da italiana. Claro que ela não entendia nada, nem uma e nem outra. Não queria entregar os pontos e continuava falando em português. Foi ficando nervosa. Até que eu cheguei. Piorou a situação.
Por fim, a salvadora Isadora entrou no circuito e resolveu a parada com duas ou três frases em inglês. Alice agarrada até o talo em novelas – foi logo procurando a moça, se a TV tinha “Globo”. Veio nova confusão. Globo, Globo, Globo – será que ela não sabe o que é a rede Globo?
O tempo foi se passando, a tecnologia botando pra quebrar. Sentamos à mesa do restaurante, ela ficou esperando o cardápio costumeiro. E nada. Ela indagou ao garçom : – Cadê o cardápio? Ele mostrou o QR CODE numa plaquinha.
Ué!!! Isto é cardápio?
Pode trazer o outro pra mim. Com este aí eu vou embora e como um cachorro quente na esquina. Viu? Isto tudo em portuguê. Claro que o rapaz, educadíssimo, percebeu a enrascada e tratou de trazer o calhamaço de papel pra ela escolher o salmão com batatas.