Eu coloquei esse título “crise das águas” para não colocar “crise hídrica”. Mas vou contar uma coisa para vocês. Quando eu era governador de Rondônia, e eu andava muito de helicóptero e de avião no estado inteiro, pude observar várias vezes, sobrevoando as áreas desmatadas de pastagens, que os igarapés, os mananciais, as nascentes, já secaram.
Rios e riachos, que nós lá chamamos de igarapés, antes conhecidos, não existem mais. Ficaram somente os canais vazios, já até, muitas vezes, com pasto ao fundo onde era o leito de uma aguada. Isso tudo é a prova mais que concreta do abuso, do desrespeito do homem com o meio ambiente.
A crise hídrica é uma realidade. A gente está observando até mesmo os problemas que envolvem o abastecimento dos reservatórios de água nas cidades brasileiras, que têm se tornado uma preocupação constante. Isso é muito sério. Ainda acho, e já tenho lido alguns artigos, que a falta de água no mundo será objeto de muitas disputas entre países, e até mesmo de guerras, porque com a escassez de água doce para abastecimento humano e de animais haverá crises com certeza.
Tenho visto, muitas vezes, mesmo lá no estado de Rondônia, o pessoal desmatando, ocupando, invadindo, grilando áreas, como o que está ocorrendo no entorno da Serra dos Pacaás Novos, ali do município de Campo Novo, onde fica o aquífero em que nasce a maioria dos rios do estado de Rondônia – o rio Jamari, o rio Cautário, o rio Santa Cruz, o rio Canaã, além de muitos outros que lá têm sua nascente.
Se nós desmatarmos todo aquele aquífero da Serra dos Pacaás, nós vamos secar os rios de Rondônia, diminuir as águas. E isso é extremamente grave. Dessa forma, impõe-se urgentemente uma política restritiva, mesmo de fiscalização nessas regiões, para proteger os mananciais, principalmente os grandes aquíferos do nosso estado.