Morro abaixo, desce a lama, o barraco, a cama, o corpo, o choro chorado, o choro engolido, o choro morrido, o quase nada, perdido, inundado. A canoa na rua, o homem arrastado, o aflito, desabrigado, correnteza rolando a vida, a cesta básica, a roupa perdida. A dor da vida. Remando
É o povo, o mesmo de sempre, do sopé do morro, da baixada, que sempre espera, vil esperança e ainda paga, um preço alto, por viver, desviver na encosta do morro, no plano do rio, o remanso, na boca de lobo, foi-se tudo.
A comida da lata, o vira-lata, o gato no telhado, o colchão furado, a mesa, a tralha da cozinha, foi-se a muda de roupa, a trouxa, foi-se tudo do meu olhar.
Olá saudades! Tantas, outras lembranças, o apego do lugar, a lida dos dias, parte da vida, o tempo ajustará, do dezembro ao janeiro, ano inteiro para recomeçar, a força do osso, sem foguetes, sem luar, um novo sentimento – o de recomeçar