Há cerca de dez anos para cá, pouco a pouco, fui criando um rito na vida. O de tomar uma dose de uísque no sábado às 16h. Em ponto. Na atividade pública, sempre chegava em casa no sábado. Como sempre residi em Ariquemes, Alice e eu, tirávamos esse dia para o convívio e cuidar das coisas da gente. Coisas da gente – são pagar contas, conversar, arrumar alguma gaveta, mexer nas plantas do quintal. Foi sempre assim.
Muito bem. Uma soneca depois do almoço, escrever alguma coisa no blog. Daí a pouco, às 16h eu me sentava numa poltrona que reclinava. Apagava as luzes da sala.
E assim, por várias vezes…
Um silêncio de fim de tarde. Em casa passarinhos entram, voando e saem. Eu me sento na cadeira. Uma dose de uísque dupla, duas pedras de gelo. E fico ali bebericando por duas horas seguidas. Um gole ritmado. Que demora um bom tempo. Para repetir outro.
Nessa solidão de sala, fim de tarde, acumulado de tensões da semana, eu relaxo. Só uma dose dupla. E tudo se repete no outro sábado…
Nunca fui de cerveja. De botecos. De farras. Nem de festanças. Naquela penumbra, naquele silêncio, eu sinto como se estivesse meditando. E fica nisso.