Eu só tive um partido político até hoje na minha vida, que é o MDB. Não que ele seja o melhor do mundo, não. Ele é igual aos outros também, mas a gente vai fazendo tanta amizade nos municípios, de tal forma, que esse partido vira uma família. Teve uma ocasião que eu estava fazendo campanha para deputado federal e andava sozinho numa caminhonete, rodando ali pro lado de Urupá, Teixeirópolis, Ouro Preto, por aquelas bandas. Sozinho.
Eu estava cansado de tanto andar. Aí falei – vou encostar aqui na chácara do Moisés que é um velho mdebista de Teixeirópolis. Hoje ele deve estar com 87 anos. Cheguei e disse – Moisés, me dê uma cama aí, deixa eu me deitar um pouco. Ele foi lá, pediu a mulher para arrumar a cama do menino, do filho, e deitei. Era umas três da tarde.
Quando acordei, por volta das 18h, tinha uma sopa pronta. Tomei um banho, me arrumei. Tomei a sopa, dei um abraço nele, na esposa. Os filhos estavam esparramados, quase todos casados. Dali eu toquei pra frente. Fui para Urupá, Alvorada. Continuei a viagem para os comícios e visitas.
Você não imagina como é bom chegar na casa de um amigo, do partido. É maravilhoso. O Moisés nunca foi nem vereador. Mas era filiado ao MDB, daqueles fanáticos antigos. E eu também. A nossa amizade veio da política. Então, é por isso que eu não saio do MDB. Eu quero entregar a chave do partido, se algum dia ele chegar ao fim, eu acredito que não, e aí tem essas amizades.
O seu Moisés está velhinho, mas os filhos dele estão lá, também são meus amigos. Eu chego lá, passo na casa da Mariquinha, passo na casa de um, na casa de outro. Passo na casa do seu Valter, passo na casa do Zé Pereira, tudo na mesma região. Todos são meus amigos. E tem aquela filharada, tem os netos que já estão votando, né? É essa família que a gente forma. Como é que eu vou ficar mudando de partido? Não vou perder essas amizades, eu não posso. Isso é um patrimônio.