É como se diz – passar o rastelo.
É assim que faz um novo governo, quando se contrapõe a outro que deixa. Passa-se a vassourinha. Foi assim que o Bolsonaro fez quando assumiu. É assim que o Lula está fazendo agora. Não deveria ser assim. Porque de uma forma ou de outra haverá uma descontinuidade.
O serviço público tem uma lógica que, na realidade, direciona que quem toca o governo é a base técnica; aquele que não se vê na mídia, mas que carrega o piano. Eu mesmo, quando fui eleito governador, visitei o João Cahulla, governador em exercício, e o pedi para exonerar todos que ocupavam cargos de livre nomeação do governo anterior.
Assim recebi aquele mundo de cargos vagos. Aos poucos fui analisando a vida do governo devagarinho. Percebi que muitos dos que ocupavam as funções anteriores eram indispensáveis. Fossem ou não fossem ligados a partidos políticos adversários. E fui renomeando-os para os mesmos cargos ou até os promovendo.
Não havia outro jeito.
Quando fui eleito prefeito de Ariquemes, fiz o mesmo “rapa” e tive que sair pegado gente preparada de outros municípios para compor a minha equipe. Não é fácil colocar uma máquina pública para funcionar. Ainda mais conceber a eles as mudanças prometidas na campanha.
No caso, agora, do Presidente eleito, a situação é muito especial, ele vem de uma eleição muito disputada e que se tem à frente e visível, um mundo de gente divergente e brava, quando se impõe um ultra bom senso, muita prudência e ao mesmo tempo – uma velocidade necessária para conseguir mediar um oceano de conflitos.
E avançar para atender às expectativas dos seus eleitores.