A pandemia arrebenta o estado psicológico. Sou observador destes detalhes. Tem coisa que não dá para falar o que acontece em cada casa. Você mesmo já deve ter visto estas coisas. Não são belezas de arco-íris, nem de montanhas cobertas de neblina. Mas, de comportamentos que vão se transformando, devagarinho, que não se percebe, de imediato, mas lá na frente a gente vê, pensa e fala: – isto não está certo.
Nem vou falar aqui das insônias, que são justificadas. E nem da sonolência demais. Nem de um arrasta-pé de quando em vez. Nem do sexo, que pode ficar muito ou desaparecer quase por completo. E sim, por tudo, que vai se acumulando e daí a pouco, carne fraca, a pessoa adoece mesmo.
Como disse: – o coronavírus arrebenta com o psicológico. Tem hora que mergulho no poema de Eva H.D. no “Bonedog”- os silêncios caseiros e nuvens não ajudam em nada, além do mal-estar geral. Ouvir falar de política dói na alma, ouvir noticiários, deus-me-livre e guarde. Se ficar pendurado na TV, cedo, tarde e noite, melhor comprar uma arma, que agora está bem simplificado, pode-se ter muitas. E no desespero entre a morte iminente, com tubos, arquejos e solidões, as notícias que matam vorazmente, sei lá.
E aqui estou, ainda sem vacina, não só eu, como você também, mas, alimentado de esperanças, porque alguns já receberam a picada abençoada. Os velhos gritam de alegria. Nos asilos, euforia pela vida, por mais alguns dias. Os profissionais de saúde, por justiça, vão recebendo bênçãos pelas doses e gratidões e mais gratidões.
Haja controle psicológico para aguentar este supertranco. Além do mais, cansa. Dei uma bronca na minha filha. Ela me disse:- Não vou mais usar máscara. Quero respirar livremente. Falei – o que é isto menina!!! Você não me decepcione, por acaso, você também acredita na terra plana?