Eu já havia feito um compromisso comigo mesmo de falar menos sobre educação. Parece uma ironia do próprio destino. A gente fala em educação, discursa sobre educação, apresenta projetos sobre educação, manda dinheiro para as escolas, para as prefeituras e o tempo vai passando.
Eu comecei essa vida na década de 90. Já tem muitos anos. Se a gente tivesse naquela época pensado seriamente, o governo, os estados e os municípios em melhorar a educação, hoje, quase 30 anos depois, o Brasil já seria outro, porque esse é o tempo necessário para dar uma rodada na melhoria da educação. E o tempo passou e não melhoramos nada, absolutamente nada.
Nós temos apenas ilhas aqui e acolá de bons exemplos. Mas, no grosso e na maioria, a educação brasileira é ruim. Então, temos perdido muito tempo. Eu vejo lá atrás, a vontade de Anísio Teixeira, a dedicação de muitos técnicos, muitos políticos, como Darcy Ribeiro, João Calmon e Brizola, o próprio Color de Mello, o tanto que eles labutaram para melhorar a educação e nada foi para frente.
Mesmo a Marta Suplicy, em São Paulo, também demonstrou tanta vontade de melhorar a educação dos pobres, construindo os chamados Centros de Educação Unificada em São Paulo (CEUs), e parece uma ironia, tudo voltou a estaca zero.
O Brasil tem piorado na educação. Aparentemente, se olhar os dados, até parece que melhorou, mas na prática, se fizer um teste aí, como faz o PISA, o Brasil está lá nos últimos lugares da classificação mundial. Então, a gente perde muito tempo e vai indo cansa de tanto falar a mesma coisa e não vê resultado prático.
Então, se me perguntarem hoje, depois de tanto falar, quais seriam as medidas necessárias para dar uma alavancagem no Brasil, primeiro eu acredito que seria uma lavagem cerebral, do governo federal até os prefeitos, de um compromisso grande, de incentivos especiais. Uma coisa avaliada, até para os repasses de dinheiro, dos fundos constitucionais, os fundos de participação dos municípios e dos estados fossem condicionados à qualidade da educação. Tem que haver uma punição.
Eu acho que pela via democrática, do discurso bonito, do discurso utópico, já passou. Agora tem que ser na base da catracada mesmo, para valer. Só vai receber dinheiro federal quem melhorar a educação. E aí sim, a reação seria mais positiva. Tem que mexer no bolso para que possa realmente alterar o comportamento de vereadores e prefeitos em colocar de fato a educação como prioridade.