Dois ou três anos atrás, numa audiência pública na Comissão do Meio Ambiente, assisti a dois palestrantes, ditos como ilustres, que abordaram sobre mudanças climáticas. É sempre bom ouvir o outro lado. O seu oposto. Mas chega uma hora que dói por dentro e tudo começa a inchar. Francamente, hoje, não me lembro do nome dos ilustres professores.
Pelo que ouvi deles, terraplanistas, extremistas de direita, negacionistas, sei lá o que mais, começaram a falar que as mudanças climáticas não dependem do homem. Que tudo é bem natural. Que essas conversas já foram ditas no passado. E nada de mal aconteceu. Que o planeta é sábio e que vai consertando os desmandos do homem. Só havia na sala de audiências dois senadores. Um deles era eu.
Sou bem calmo e tranquilo. Mas a conversa dos palestrantes foi inchando dentro de mim. Parece que comi fermento. Chegou a hora que explodi. E falei da vergonha que tinha em ouvir aquele mundo de baboseira. Chegou a ponto de os camaradas falarem que o desmatamento da Amazônia não tinha nenhuma importância no ciclo das chuvas e nem interferiria no clima.
Claro que agi com meu pensamento tradicional. Porque se esses “ilustres negacionistas” estiverem certos, eu preciso me ressignificar como ser humano e tudo que aprendi na vida não valeu nada. Ideologia radical é o diabo. O cara só vê um lado e quer que o errado seja o certo.