O tempo é impiedoso, ainda mais quando se vive na média geral ou um pouco mais. Hoje, chegando a Ariquemes vinha pelo caminho lembrando os nomes de todos aqueles pioneiros. Deu-me até agonia de lembrar nome por nome, lote por lote. Vinha contando nos dedos o nome deles, meus conhecidos, que agarraram nos braços este Estado e fincaram suas bandeiras. Depois foram sumindo, um por um. Alguns se mudaram e não tive mais notícias.
Ali era o Kira, acolá o Anselmo, Milton, a família Corrente, Dona Rosa, Schimidt, Paparelli, Vicente, Ademar Raposo, Vitório, Roberto, Maximino, vou parar por aqui. Do outro lado, bate a saudade, por incrível que pareça, a gente sente saudade até mesmo do sofrimento. Quando a malária não deixou ninguém em paz. E muita gente morreu. Epidemia mesmo.
Em Ariquemes houve ano, ali pelo inicio de 2000 e poucos que houve mais. Eu e Alice, primeiros médicos, ela não teve malária, eu tive quatro. Tremi que nem vara verde. Senti frio quando o sol era quente. Suei em bicas. Uma sede interminável.
Eu fiquei muito alegre com a notícia recente, da produção da vacina antimalárica. É uma bênção. Ainda tem muita malária no Brasil. Principalmente na África. E assim dizendo, por cima de tudo, chegou o colono nesta região, vindo de todas as partes do Brasil, principalmente, paranaenses, gaúchos, catarinenses. Gente corajosa. Aventureira.
Foram se instalando na região e quem viveu esta época, hoje fala, ninguém acredita que seja verdade. Mas, é pura verdade. Muitos dos nomes que citei, já faleceram e hoje, estão por aí seus filhos e netos, que cruzo com eles, adultos, bonitos e não os reconheço.
Mas, basta que fale o nome do pai ou avô, para que eu me aproxime e os abrace com a força daquela saudade tão forte, como se tivesse revivendo cada momento. E me reencontrando com esta cadeia genealógica, numa cidade que só poderia ser edificada pelo sentimento indescritível de jovens audaciosos.