Eu vinha de carro de Porto Velho pra Ariquemes conversando com a Vilma, Coronel Gualberto e com outros amigos. Paramos ali, em Itapuã do Oeste, na casa da Eliane, uma maranhense querida. Lembramos como era a vida antiga, em que a gente fazia a farinha em casa, fazia o beiju de tapioca, de polvilho. A gente socava o arroz no pilão, fazia o cuscuz, fazia o fubá de arroz, o fubá de milho pra fazer bolo. Eu mesmo fazia em casa.
Minha mãe mandava, e eu como sou o filho mais velho, morava no sertão, tinha que fazer esse serviço. Era muito gostoso. Fazia tudo e depois botava óleo de coco. Comia aquilo tudo, né? Aquele jeito é o que hoje se chama de comida natural. É o arroz de pilão, é o arroz natural. Ah, o beiju de tapioca é o natural da mandioca. Com a batata doce que a gente cozinhava, minha mãe fazia paneladas de batata doce, de inhame, de abóbora, aquele jerimum. A gente cozinhava e comia. Era comida natural.
E hoje a gente compra tudo pronto nos mercados. É lógico que a gente não vai socar no pilão. Não tem nem cabimento hoje a gente ter um pilão no fundo da casa pra socar arroz e fazer fubá na mão. Já compra tudo pronto, arrumadinho. Eu vejo ao longo do tempo como as coisas evoluíram. Ficou tudo mais fácil, melhor, mais prático, né? Mas você tem que ter dinheiro para comprar isso tudo, e não é barato. Naquele tempo a gente não tinha dinheiro todo dia. Aqueles velhos da roça tinham dinheiro uma vez por ano. E tudo era feito em casa de uma maneira rústica. E a gente vivia desse jeito.
A gente estava conversando e matando a saudade, né? A Eliane fez um bolo nordestino. Um bolo de puba… Coisa que não se encontra no mercado. Você não acha um bolo daquele jeito por aí, um bolo lá do Maranhão que ela aprendeu com a mãe dela. A gente come aquilo gostoso. Pra mim foi um reencontro maravilhoso de paladares. O encontro do hoje com o antigo.