Pois é, gente. Hoje eu quero contar uma história — uma mistura de passado, presente e até um pouco do futuro. Vou falar pra vocês sobre o Zé Pereira.
Eu sou do MDB, sempre fui. Por isso não mudo de partido. Não tem jeito, meu povo, eu não consigo mudar. Sei que tem muito partido bom por aí, partido grande, mais rico, mas eu me sinto amarrado ao MDB por causa dessas histórias de vida, dessas raízes. Um exemplo é o Zé Pereira, lá de Teixeirópolis.
Ele faleceu há uns três anos, já velhinho. Era um emedebista raiz, baiano, sempre com aquele chapéu na cabeça e uma família grande. Toda vez que eu ia a Teixeirópolis, passava na casa dele. Sentava no sofá, ou na área, na beira da calçada, lá fora. Sempre tinha gente por perto: a Dieni, outra pioneira de Teixeirópolis; o seu Valter, o Geso, o Tosta, a Mariquinha, o pai da Mariquinha, o Moisés… o pessoal da velha guarda.
Eu tinha a obrigação de fazer aquela verdadeira via-sacra. Passava na casa de um por um. Se eu não fosse em todas, Deus me defenda! Tinha que ir, nem que fosse só pra dar um alô, tomar um café e conversar um pouquinho.
Dias atrás, passei por Teixeirópolis. Estava tendo uma reunião dos idosos, num domingo. Entrei, sentei, e vi que os secretários e o prefeito estavam discursando. Quando eu estava saindo, veio uma senhora me abraçar. Ela disse:
— Olha, senador, eu vim aqui só pra te dar um abraço. Meu pai gostava muito de você.
Perguntei:
— Quem era seu pai, minha filha?
Ela respondeu:
— O Zé Pereira.
Ah, eu dei um abraço tão apertado nela… Porque eu tinha muita amizade com o pai dela. Ela me abraçou com tanto carinho, e eu fiquei sinceramente feliz.
Encontrei também a Márcia, esposa do seu Valter, que foi o primeiro prefeito de Teixeirópolis. E por falar nele, lembro de uma história interessante.
Nós lançamos o Valter candidato a prefeito. Ele nunca tinha disputado eleição, não tinha nenhuma experiência com política. Trabalhava num bar. Mesmo assim, o colocamos como candidato.
No último dia de campanha, fizemos um comício. Montamos um palanque em cima de um caminhão no meio da rua. Subiram comigo o Vicente, o Fernando Lima, entre outros. Mas cadê o Valter? O próprio candidato não aparecia!
Fomos até a casa dele, que ficava ali perto. Ele estava doente, com uma cólica renal forte. Disse:
— Eu não tenho condições de ir. Estou aqui, me contorcendo de dor, tomando remédio.
Falei:
— Fica tranquilo, Valter. Fica aí quietinho. Deixa a janela aberta pra ouvir nossos discursos.
Subi no palanque e expliquei a situação. Cada um falou, os vereadores falaram, e eu também. Disse que o Valter estava doente, com muita dor, mas que estava ouvindo tudo com o coração cheio de gratidão. Disse que ele era um homem simples, como todo mundo dali, e que merecia a confiança da cidade. Fiz aquele discurso de campanha mesmo.
E não é que veio a eleição e o Valter ganhou? Mesmo sem participar do último comício, conseguimos elegê-lo. Coisa de campanha, de união, de povo.
Então, faço aqui esta homenagem ao Zé Pereira, ao seu Valter e a tantos outros pioneiros de Teixeirópolis. Gente que fez história, que marcou a vida da cidade — e a minha também.