1. Nada une mais um povo do que a tragédia e as guerras. Quando tudo está destruído, surge no sobrevivente, um sentimento extraordinário de força e vontade, para reconstruir tudo. O nosso Museu Nacional, a Catedral de Notre Dame, as cidades destruídas na Segunda Guerra. E quantas vezes Jerusalém repetiu a reconstrução?
2. O Brasil está quase assim. Ainda balançando entre a margem e o fundo do poço. Só o povo pode agir e não deixar o barco afundar. Quem sabe a força da juventude, como na grande onda de 1968. O mundo segue ainda por um caminho indefinido, a procura de um reencontro com um futuro de vacas gordas; por outro lado, fazer festas, viradas culturais, shows – para que tudo pareça mais doce e alegre;
3. Quando eu falo – povo – quero dizer a sociedade civil, as entidades, os produtores rurais, os comerciantes, as igrejas. Enfim, todo mundo puxar do osso, este desejo de reconstruir o nosso País. E tudo poderá acontecer, faltando ainda o calo de cada um doer um pouco mais;
4. Vocês viram Brumadinho como foi doído. O incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Só depois dos trágicos acontecimentos é que se passou a vigiar barragens, salas de cinemas, teatros e boates. As pontes e os viadutos estão ruindo. Ontem, um túnel no Rio de Janeiro. É preciso prevenir, assim como se faz com as vacinas;
5. O Brasil tem forças conspiratórias contra si mesmo. Bolívar Lamounier publicou ontem, no Estado de São Paulo , “a política brasileira entre dois passados”. Um texto histórico perfeito, que mostra os nossos defeitos enraizados, sem prazo de validade para terminar – o patrimonialismo. O intenso desejo de viver dependendo do Estado;
6. Estou aqui em Brasília, e vejo a realidade – o País está quebrado. Infelizmente. E precisa de lideranças fortes no Congresso Nacional para puxar a grande onda; necessária de reformas, cortes de privilégios e do desmane progressivo de gente viciada em mamata. Será preciso romper a inércia do direito dos costumes. Isto só com ranger de dentes;
7. Não dá para esconder a nossa miséria, a nossa desigualdade, o nosso desemprego – ao tempo que não poderemos perder as esperanças. Nunca. Precisamos colocar na cesta as várias narrativas diferentes. Porque o Estado tem o seu próprio limite. O menino chora quando o desmama, mas, com o tempo, se acostuma. Vamos encher a Pátria Amada de novos valores e desejos;
8. Tenho visto e ouvido o Ministro Paulo Guedes (bem preparado e otimista) falar em Pacto Federativo, o que significa aumentar e repassar recursos novos para os Estados e Municípios. Quero saber como – Se não tem dinheiro no cofre do Tesouro. Cessão onerosa de excedente do PRÉ-SAL e dinheiro novo dos fundos paralisados no tempo? – levará muito tempo ainda;
9. O Brasil deve deixar de ser tupininquim. Deixar de lado o seu complexo de Brasil Colônia. Passe poder, terras e contribuições diretamente aos Estados. E o País surgirá de baixo pra cima. Forte. Governadores e prefeitos que cuidem dos seus terreiros. Segurem como puder suas contas. Combatam os desperdícios de uma caneta esferográfica. Muita atenção com a folha de salário. E muita cautela com os novos concursos públicos. Rezem um Pai-Nosso a cada dia;
10. E no mais é fazer a roda girar. Cuidar da educação, a partir dos Estados e Municípios. Não acredito no MEC. Incentivar a agricultura familiar, os pequenos negócios, preparar mão de obra qualificada e ensinar o pessoal a trabalhar por conta própria, principalmente, na área de serviços. O novo Brasil renascido de cada brasileiro do bem.