Teatro de Ariquemes

Teatro de Ariquemes

Construir teatros é como construir catedrais. Tem quem imagina. Tem o tempo que sempre é conspiratório. A ideia surgiu quando seria um momento inoportuno para se ter a arte como prioridade. Teriam as pontes para se fazer, as estradas para cascalhar, hospitais para melhorar e ruas poeirentas para se pavimentar. Fui a São Paulo visitar os CEUs (Centros Educacionais Unificados) que a Marta Suplicy havia construído.

Em cada escola de favela havia um teatro. Bonito pra caramba. Viola e violino. Orquestra e atrações. Para que o povo pobre pudesse consumir arte. Havia até uma armação de circo. Fuçando as informações, descobri duas figuras extraordinárias, a Bia Gualart (arquiteta) e José Carlos Serroni (JC Serroni), arquiteto com especialização em teatros.

Imaginei o teatro de Ariquemes. Serroni fez a concepção. Veio aqui em Ariquemes, me deu seu livro – Uma memória do espaço cênico no Brasil” e Bia foi me ajudando, quando no Governo do Estado a conceber escolas amazônicas.

Todos os tropeços aconteceram. Até que, por falta de projeto executivo a obra ficou parada mais de oito anos. O Prefeito Lourival vinha recebendo críticas pelo teatro parado. Apelidado de “mansão dos desvalidos”. Moradores de rua encontraram lugar ideal para o pouso. Foi tema de redação da Escola Heitor Vila Lobos. Premiada.

Puxei em acordo com Lourival o “teatro inacabado” para o Estado. Empresa de engenharia do Acre ganhou a licitação para adequação do projeto. Ajustou as coisas. O teatro está pronto. O sonho meu e do Serroni, enfim, concretizado. O Estado assumiu concluir a obra. Está no ajuste final de segurança pelo Corpo de Bombeiros.

Nova encruzilhada. De quem é o teatro?

O teatro é do município. Foi ao Estado para uma injeção de recursos e conclusão. É da cidade. E como Ariquemes está linda. Chegou a hora da arte. Da economia criativa. Que gerará empregos. Movimento. Orgulho para a cidade.

O que fazer?

A Prefeitura solicitar a devolução do teatro ao patrimônio municipal. É caro mantê-lo. Nada melhor do que uma mediação, em lei estadual, de o Estado constar do PPA (Plano plurianual) e do orçamento que será fechado este ano. Um compartilhamento das despesas de custeio pelo período de cinco anos. Não há de maneira alguma, condição de o teatro de Ariquemes não ser de Ariquemes. Ademais, outras parcerias com as empresas locais.

E inaugurar o teatro. Quero ser convidado. Que se chame o mentor original – José Carlos Serroni, que veio a Ariquemes e sonhou com tudo isto. E depois, que se deixe os produtores culturais agirem. Os teatros enobrecem as cidades. Trazem orgulho. E atrairá público dos 19 municípios da região para shows espetaculares, local, estadual, nacional e internacional.

Tenho vaidade e orgulho da minha criação. Que não mais se chamará “mansão dos desvalidos”

 

Deixar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.