Do ermo subterrâneo jorra água a quarenta graus. Por certo é magma vulcânica não resolvida e fica ali gotejando respingos eternos. Por cima morros crocodilianos com jardinagem rala e torta.
Para ter sentido as palavras devem dizer verdades. Porque as palavras são como raízes, seguram pedras e o solo das ladeiras, mesmo que a chuva não cesse.
Chinelando em alta velocidade atrás do ônibus. Parei. Dei um cambão na vida. Porque senti falta da agilidade, o cambão me fez jovem. Caí de gatão. Me fiz ridículo, para lhe demonstrar que sinto, há verdade no sentimento, mesmo não medindo com régua.
Dez centímetros de palpitações, como ondas do eletrocardiograma. Vinte centímetros de angústia queixosa por dentro. Eu sinto.
O teodolito mede longe. O GPS de cântaros e cantos. O ingazeiro atento. O som distante. O laboratório subterrâneo aquece pedaço do mundo. Estou chegando ao centro da terra, onde o magma se aloja.
As palavras só tem sentido com outras, como raízes entrelaçadas, quase tudo que acontece vem do inimaginável.