Confúcio Moura
Médico, escritor, cronista
educador e apaixonado por Rondônia

Sublime

estas palavras  que não valiam nada, agora, valem ouro Tal qual Fernando Pessoa encarnado que sai do sepulcro do convento em Lisboa e sobe a rua boêmia e assenta onde menos se espera num banco da rua desce sobre você um rosário de inspiração as palavras tomam formas de flores, de beijos e desejos diz, […]

Aparecida

vejo você sem estar perto, mesmo assim a vejo solenemente sem binóculos, sem óculos ali do outro lado da rua onde mora a sua filha caçula O seu sorriso está aqui presente, na estante enquanto está tão distante, nem sei em que mundo está Seu olhar está aqui e não está, porque você não existe […]

O barro e as mãos

Aquela mulher como escultura viva, a suavidade de mãos para lhe dar essência nas curvas. Olhares entronizam beleza fina. Sobem ondas que vão se desfazendo lentas. Ora abruptas que se espumam nas rochas. Cantos guturais se comprimem. Louvo a mensagem que sobre você cai. Adoça a minha boca. Atiça o meu cérebro, que fica quicando […]

CID 10 F22.0

Transtorno delirante persistente falsa crença mantida por convicção, no meu caso é diferente aconteceu, digo que não   Transtorno em forma de poesia? delírios …E verdades também, hoje lembrei de momentos que passei com um certo alguém   Será que passei? Será que sonhei? verdade ou pura mentira? tudo pode a pessoa numa mente que […]

As lavadeiras

para onde o meu pensamento irá me levar neste momento? estou entrando num beco e desço entre duas cercas de arame farpado até chegar ao riacho onde as lavadeiras se aglomeram. elas descem a ladeira com inacreditável equilíbrio. trouxas de roupas sujas na cabeça. fui descendo no tempo, sessenta anos atrás, um filme me trouxe […]

amar e desamar

amar não é sempre insistir às vezes amar é desistir vou te guardar no meu sorriso vou te guardar no rosto no entreposto do meu coração   sei lá vou guardar vou te guardar na lembrança dos meus lábios nas lágrimas da minha história desolada eu amo perdidamente os seus defeitos   quer0 agora sair […]

o tempo incerto

tempo! não sei como medi-lo: – se com fita métrica, GPS ou corda. meu pai nunca mediu o tempo, ele apenas o deglutia como um gole de água fresca. cada momento, a depender da alegria, tem a sua velocidade. o tempo de um plantão no corpo da guarda não é o mesmo do tempo que […]

de sol a sol solidão

de sol a sol a solidão E pão e água e álcool   de sol a sol a reclusão transpirar este ar miúdo amansar esses dias de pó comer da cal de dentro   de sol a sol soletrar quem nos falta contar os que nos cercam relembrar encontros suspirar ausências   de sol a […]

Amargurado

Ah, o amargurado da vida! Finge tudo! Finge não ver a beleza, ignora o talento, engole elogios… Elogiar? Não! Elogiar é algo que dói na alma e na existência do amargurado. E que vida! Ele detesta, culpa todo mundo. Grita que se não foi bom o suficiente ninguém será.  Do outro lado da rua, ri […]