Caros leitores e frequentadores deste modesto espaço,
Tenho refletido profundamente sobre os caminhos que o Brasil vem trilhando. Apesar dos avanços obtidos nas últimas décadas — como o crescimento do PIB, a redução do desemprego e a expressiva queda da mortalidade infantil — ainda estamos muito aquém do desejável em um dos pilares mais essenciais para o progresso de qualquer nação: a educação.
Os dados internacionais, infelizmente, não nos deixam mentir. No Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), ocupamos hoje a 53ª posição entre 65 países avaliados. Superamos algumas nações latino-americanas, como Argentina e Colômbia, mas ainda estamos atrás de países como México, Uruguai e Chile. No TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study), a situação é ainda mais preocupante: estamos em 55º lugar em matemática, à frente apenas de Marrocos, Kuwait e África do Sul. Em ciências, os índices também são alarmantes, especialmente nos anos iniciais da educação básica.
Sim, sabemos que essas avaliações não capturam toda a complexidade de um país como o nosso. Aspectos culturais, estruturais e históricos não são plenamente considerados. Ainda assim, os resultados refletem um diagnóstico que precisamos encarar com seriedade e urgência.
Há pouco mais de três décadas, o Brasil firmou um compromisso com o mundo por meio do Plano Decenal de Educação para Todos, que visava garantir o direito universal à educação. Desde então, o perfil dos estudantes brasileiros mudou — e mudou para melhor. Crianças e adolescentes antes invisíveis ao sistema passaram a frequentar a escola. Foi uma conquista inegável, mas que trouxe consigo um enorme desafio: o de incluir e alfabetizar milhões, muitas vezes sem a devida estrutura ou preparação para isso. É provável que rankings internacionais não levem esses fatores em consideração. Mas nós, enquanto nação, precisamos entendê-los para avançar.
O ponto central, para mim, é que não há desenvolvimento real e sustentável sem educação de qualidade. E isso exige muito mais do que boas intenções. Exige investimento robusto, gestão eficiente e, sobretudo, um novo pacto nacional.
Precisamos repensar a articulação entre União, estados e municípios. Reforçar o compromisso com a valorização dos professores — começando pela remuneração, mas indo além, com políticas de formação contínua e apoio pedagógico. É necessário garantir infraestrutura adequada nas escolas, promover um ambiente propício à aprendizagem e criar mecanismos de avaliação que respeitem as realidades brasileiras, sem abrir mão da excelência.
Tudo isso só será possível com um esforço coletivo. Um pacto de verdade, que una os Poderes Executivo e Legislativo, os especialistas das universidades, os pesquisadores da educação e, principalmente, os profissionais que estão todos os dias no chão da escola — que conhecem os desafios na pele e, muitas vezes, também oferecem as melhores soluções.
Se queremos um Brasil mais competitivo, mais inovador e mais justo, o caminho começa pela sala de aula. E não há mais tempo a perder.
Que façamos, juntos, esse pacto com o futuro.