Minha prima Ilca me enviou a belíssima música, que será eterna, porque tem uma doçura maior que o tempo e se encaixa em qualquer coração. Ainda mais cantada com Julio Iglesias e Roberto Carlos, que se juntam num só e flecha o tempo, como uma cápsula sagrada.
Como somos sertanejos, vindos do Brasil profundo. Onde fica o Brasil profundo? Eu no mesmo tom, profundamente, respondi-a: “Em nossa idade, somos mais passado. E tudo que nos recorda, nos faz reviver. Revivendo voltamos a ser jovens e temos vida. É muito bom ter vida. Para observar as novidades que chegam a cada dia. Para trás, temos o inegociável.
Cá dentro eu sempre acho que a vida simples, a comida simples, a cidade de poucas ruas, tem muito encanto e nobreza. Uma certa soberania nossa. Própria. Tenho saudade até do pilão. Tenho saudade da ladeira, saudade da malva da praça, das conversas sertanejas encardidas de um sotaque só nosso.
Tenho saudade da nossa democracia mais justa. Ninguém era muito rico que nos humilhasse. Nem os pobres tivessem vergonha de existirem. Nós nos mostrávamos nas procissões, carregando andores. Ouvir “Solamente una vez” em me senti abraçado e por isto, me emocionei.”