(artigo escrito em 12 de julho de 2009)
Não vi em vida nada mais grandioso do que o funeral de Michael Jackson. Simplesmente o que mais queria um faraó do Egito ou Imperador Romano. Nada se comparou ao reconhecimento coletivo do mundo a um artista. Ou a outro homem. Todos os olhares voltados para o caixão do ídolo ou quem sabe do líder de que precisamos no momento. Quem diria que ele fosse tão querido assim? Nem ele mesmo poderia saber de tanta importância.
Airton Sena único brasileiro a ter também uma comoção mundial com a sua morte. Nada se comparou a fenômeno Michael Jackson. E a voz negra que sacudiu o mundo despertando o clamor choroso de um “blues pop” e todos outros gêneros musicais cantadas com a voz da própria alma. Confesso que fiquei impressionado.
De onde partiu toda esta admiração coletiva? Mesmo depois de tanto sofrer por escândalos tão diversos? O estilo de ser e viver tão incomparáveis, a sua voz meiga e sempre infantilizada, alternada com gritos e sussurros quase inaudíveis. A voz e o movimento, o gesto milimétrico, o passo, o corpo desarticulado de um robô quase humano. Juntou a este talento improvável o espaço do ritmo metálico, o caimento de luzes de um céu artificial, que o tornava soberbo e extraordinário. Quase divino.
Todo líder sofre. Depois da morte tudo se esquece e perdoa. Porque a virtude e o talento foram bem maiores do que as mazelas humanas. As mazelas dos pecados capitais – principalmente a inveja. A morte apagou o defeito. Sobrou o mito.