Brasil grande com água e esgoto

Brasil grande com água e esgoto

Caminhando para trás, vou me encontrar com a minha infância, anos 50 e 60, na cidade de Dianópolis-To. Tudo por ali era Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Como é até hoje. Sertão de pureza e isolamento. Havia na Praça principal uma “caixa d’água”, cilíndrica, de concreto, com calçado no entorno. Havia 4 torneiras em pontos opostos dela. A cidade se abastecia ali. Potes, latas, bacias, caldeirões, panelas – vasilhames diversos.

Havia carregamentos de água no lombo de jumentos. E até pessoas que vendiam água de porta em porta. Ali era o ponto de encontro. E um ritual de normalidade que ninguém protestava. Porque era assim mesmo. Não me lembro data exata, mas foi por aqueles anos que chegou na cidade os serviços da Fundação SESP. Uma instituição incrível, que cuidou de saúde e saneamento básico, para os confins do Brasil pobre. Mas pobre com P maiúsculo.

O SESP construiu um belo Posto de Saúde, com equipe bem treinada e médico permanente. E foi além, abriu valas e colocou canos e levou água de boa qualidade para nós todos. Construiu banheiros pré-moldados para os mais pobres. Foi levando noções de higiene para a comunidade. A cidade pegou nova fisionomia, e a caixa d’água da praça foi demolida.

João Leal, filho da terra, que saiu do lugar, numa mula, para o Rio de Janeiro, estudou, graduou-se, pegou posição, trabalhou no Senado, arrumou recurso e construiu usina de energia numa cachoeira do Rio Manuel Alves. A cidade recebeu luz, por muito tempo, sem ninguém pagar nada.

Quando olho, hoje em dia, para a situação do nosso país, tantos anos depois, fico admiravelmente constrangido, para não dizer envergonhado, de ainda convivermos com o atraso no abastecimento de água, e nem falo esgoto, para todos. Embora haja metas de universalizar esses serviços básicos em 2033. Louvados sejam a Fundação SESP e o inesquecível benfeitor João Leal.

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