Toda a Complexidade da Nação está reunida no Senado Federal, uma Casa cercada de Brasil por todos os lados

Toda a Complexidade da Nação está reunida no Senado Federal, uma Casa cercada de Brasil por todos os lados

Ao fim de três anos de mandato como senador, compreendi que não existe Olimpo na vida pública. O jogo é bruto em todos os espaços onde existem poder em disputa. Coisas de humanos…

Por Confúcio Moura

Estamos terminando o terceiro ano de mandato como senador. Neste texto buscarei reunir todos os fatos e emoções que participei e vivi nesse período na mais alta Casa Legislativa do País.

Não tratarei aqui dos projetos por mim apresentados – e aprovados – nem das emendas destinadas ao estado e aos municípios de Rondônia, uma vez que estas informações já foram amplamente divulgadas, e muito bem, pela minha equipe de comunicação. Não quero ser repetitivo e chato. O que busco aqui é decodificar o que vem a ser um Senador da República numa sociedade tão complexa como a nossa.

Ao chegar na Casa, tive que alterar a visão que trazia comigo sobre o que ela representava. Sempre ouvi falar que o Senado era a “elite” dos parlamentos brasileiros, composto por personalidades quase místicas. Nada. Gente como eu, vindo de todos os lugares do Brasil, em trios, às vezes só de homens, outras de homens e mulheres – mas nunca só de mulheres. O que é uma pena para a qualidade da representação política do País.

Os seres que compõem o Senado são brasileiros e brasileiras maduros(as), experientes, quase todos(as), vindos(as) de longa tradição política nos estados que representam, alguns(as) ex-governadores(as), outros(as) ex-deputados(as), ex-prefeitos(as). Todos(as) humanos!

Como em todas as casas legislativas, o Senado Federal tem suas normas, algumas delas não encontradas em outros parlamentos ou mesmo no executivo.

O ano de 2020 nos encontrou completamente organizados para a rotina parlamentar. E isso nos preparou para o que vinha pela frente. Como todos lembram, no final de 2019 surgiu o primeiro caso do novo coronavírus em Wuhan, na província de Hubei, na China. Com o surgimento do primeiro caso no Brasil, no final de fevereiro de 2020, o Congresso Nacional criou a Comissão Mista Especial do Congresso Nacional (abril de 2020), da qual eu fui presidente com muita honra.

Devo ressaltar aqui, com muita tranquilidade, que apesar de já viver um momento de muita tensão política (as sucessivas trocas de ministros da saúde ocorreram na vigência das Comissões).

Outro fato que reforça a tese de que o Senado é um parlamento como outro qualquer é a eleição para a presidência da casa. Lá como em outros espaços políticos, a disputa pelo poder ocorre da mesma forma. Em fevereiro de 2021 tivemos que escolher um novo presidente e nos vimos em meio a um emaranhado de acordos, pactos, põe nome, tira nome, reuniões infindáveis, enfim, uma agonia só. Parecia que o destino do País passava por aquela eleição, tal o frenesi que tomou conta dos senadores e senadoras. É claro que isso foi bastante impactado pelo clima político que havia na sociedade.

O ano de 2021 foi o ápice da pandemia do novo coronavírus, com mais casos e mais mortes. No Brasil e no mundo. Com o fim da comissão mista, o Senado Federal decidiu criar o seu próprio instrumento para acompanhar a forma como o Executivo enfrentava a Pandemia. Em março, criou, então, a Comissão Temporária COVID19, a qual eu também tive a honra de presidir, e que durou até o dia 10 deste mês. Esta segunda Comissão conviveu durante o seu curso inteiro com a CPI da COVID, cuja história de conflitos, disputas e narrativas todos conhecem.

Agora, com o mandato totalmente sob controle e com objetivos claros, ao fim desses três anos, mais do que os fatos e conquistas como Senador, ficou marcada em mim a quantidade de notas de pesar que eu tive que assinar, diariamente, pelos amigos, conhecidos e eleitores que foram vitimados pela COVID-19. A todo instante vinha alguém da assessoria me informar que fulano tinha falecido, que cicrano tinha partido…

Às famílias que perderam seus entes, aos amigos que perderam seus amigos, quero desejar um Natal cheio de paz e um Ano Novo cheio de conquistas e esperanças renovadas. Àqueles que não perderam ninguém próximo, desejo que a graça de Deus continue a lhes acompanhar em 2022.

A todos e todas, muita saúde e Feliz Natal e Próspero 2022!

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