Em janeiro de 1975, durante o Natal e o Ano Novo, passei na cidade de Espigão do Oeste. Olha bem, em dezembro de 1975, eu estava sondando onde poderia trabalhar no estado de Rondônia. Cheguei lá em Espigão, comecei a conversar com um e com outro, e foi assim que conheci a Lúcia Tereza. Ela, ainda jovem, era professora. Conheci também o galpão da família Melorança, onde eram adquiridos aqueles imóveis e lotes rurais. Ali, havia um assentamento privado. Na época, ainda havia indígenas vivendo em suas aldeias, uma vida primitiva, bem isolados.
Eu estava sondando o mercado para começar a trabalhar como médico. Queria iniciar minha carreira numa cidade onde não tivesse muita concorrência, pois ainda estava começando e não queria competir com um médico já conhecido. Mas lá já tinha um médico, então resolvi seguir em frente. Mas o objetivo da crônica de hoje é falar de Lúcia Tereza.
Mais tarde, ela entrou na política, foi prefeita e deputada duas ou três vezes. Quando fui governador ela era deputada. Tenho esta foto dela comigo, sempre muito carinhosa, muito afetiva. Ela tinha seu jeito próprio. Gostava de fumar bastante e tinha uma maneira particular de conversar.
Quando a Lúcia chegava ao gabinete, tínhamos que atendê-la rapidamente, senão ela ficava brava. E seus pedidos também precisavam ser resolvidos com rapidez: era para arrumar uma estrada, baixar um morro ou uma serra onde os caminhões toureiros não conseguiam passar na época de chuva, por causa dos atoleiros. Ela sempre pedia essas coisas. Eu já dizia: “Pelo amor de Deus, atenda logo a Lúcia Tereza.” Quando ela chegava, mandava chamá-la para entrar logo, para evitar confusão, pois ela falava alto. Quando ela entrava, eu ia abraçá-la e conversávamos bastante.
Fui muito amigo do Silas, que era parente dela e foi secretário de saúde. Ele me ajudou a implantar o SUS em Rondônia nos anos de 1987 e 1988. Assim, convivemos muito bem com ela. Certamente, Lúcia foi uma política de Espigão do Oeste brilhante, muito atuante, batalhadora, querida e amada. Eu convivi com ela e tenho muitas saudades.
Ela já faleceu, mas a lembrança e a imagem dela permanecem no estado, especialmente em Espigão do Oeste. Ela amava Espigão, foi fundadora, pioneira dali, cresceu ali, se estabeleceu e sedimentou sua história política naquele lugar. Hoje, faço esta homenagem a uma pessoa inesquecível: a professora, deputada e prefeita Lúcia Tereza.