O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 06

Brasileiro quer trabalhar. Trabalhar para ganhar o salário mínimo. O que já é bom demais para quem não ganha nada. Pena. Não há vagas. Não basta sair por aí a distribuir currículos. Por quê? Porque as pequenas empresas estão fechadas.

A bolsa de valores é um investimento de risco. Antes da pandemia, a Bovespa estava, aproximadamente, 120 000 pontos. Na crise, caiu para 60 000 pontos. Quem investiu perdeu. Eu devo estar errando aqui. Nos pontos. Como não sou especialista, releve. Significa que quem vive de renda – se lascou. Mas agora, em julho, a bolsa reage inesperadamente. O molejo do fundo do poço vibra. E vai vibrando até sair à superfície. É o que esperamos. Mas é o rentismo.

Aplicar dinheiro para fazer dinheiro, em casa, de papo para o ar. Isso é bem difícil de explicar. O sujeito de papo para o ar ganhar dinheiro, apenas, com dinheiro aplicado. Isso tudo vem de uma engenharia perversa.

Não acredito que isso venha a mudar no pós-pandemia. O liberalismo é forte. Só acredito que poderia mudar se houvesse uma radical redução da população, e, também, se acabasse com os muito ricos. E, ainda, se os ministros da economia fossem uma quebradeira de coco do Maranhão. Uma sobrevivente. Que soubesse como é difícil viver com pouco ou quase nada.

A pandemia não pode tudo. Ela só tem o poder do medo da morte. Não do dinheiro. O emprego caminha para um rumo diferente. Do salve-se quem puder. Entregas de comidas, de remédios, de mercadorias (tudo isso em motocicletas e bicicletas, sem nenhum direito trabalhista). Que se “foda” quem aceitar! E termina aceitando… porque essa é a marcha inexorável das relações do trabalho.

Porque esse será o admirável mundo novo.

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