O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 14

Eu fiquei cinco meses sem viajar para o meu Estado de Rondônia. Não me via perambulando num aeroporto e nem dentro de um avião. Cheguei a comprar as passagens e fui cancelando mês a mês. Até que dia 26 de julho, não houve jeito, encarei o medo e o risco e viajei.

Notei tudo diferente. Os voos com mais conexões. Bem mais demorados. Coloquei duas máscaras, uma sobre a outra. Comprei duas passagens, para deixar um lugar vago a meu lado. Usei um cachecol no pescoço. Fiquei calado, não saí caminhando pelo corredor e nem fui ao banheiro do avião.

Fui ao hotel Oscar em Porto Velho. Tudo modificado, café da manhã servido no apartamento. Almoço e jantar preferi pedir para servir no apartamento. Não perambulei pela cidade, como gostaria. Fiz todos os encontros de que necessitava no próprio hotel. A pandemia mudava de cor no Estado, ora no amarelo, ora no vermelho. Dei uma entrevista para a TV Rondônia sobre a situação fiscal, créditos e controle da pandemia pelo Ministério da Saúde.

Fui a minha cidade na quarta-feira dar uma olhada nas minhas “coisas”, porque sou pequeno médio empresário rural e, como se diz, o olho do dono que engorda o boi. Olhei a minha casa desolada. Sem o nosso movimento de circulação por escadas e quintais. Tirei foto das plantas e flores, para me resgatar da saudade. Muitos amigos morreram pela Covid-19. Não visitei meus amigos queridos. Retornei no mesmo dia, às 16 horas.

A única saída para colocar as conversas em dia foi com Michele e Adma, pessoas queridas de todo meu coração, com quem consegui arrancar o jantar no apartamento da Adma e, ainda muito mais sobrenatural, que pediu a comida e pagou no seu cartão: fato inusitado e louvado. No mais, é torcer para esta pandemia passar bem rápido. É o que desejo e louvo.

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