O salto no escuro (uma história da pandemia COVID-19) Capítulo 20

Hoje, dia 19 de agosto de 2020. Plena pandemia. Curva em platô, leve ondulação.

Morreu, infelizmente, nesta data, Jeterson Amaral dos Santos, médico ginecologista da cidade de Ariquemes. COVID. Eu que o levei para Rondônia. Agora não me lembro o ano. Ariquemes seguiu o cortejo fúnebre. E o levou ao cemitério.

O cerrado pare. O cerrado pare, de parto mesmo. Seco e esturricado, os ipês iniciam a florada. Tirei essas fotos agora cedo, na caminhada. Por acaso e atraído pela beleza delas. Premonição – entrego as duas para o Jeterson, meu querido amigo.

Daqui a pouco irei ao evento na CNI (Confederação Nacional da Indústria). O Marcelo Thomé me ligou ontem para falar do desenvolvimento sustentável da Amazônia. Um projeto da Federação das Indústrias de Rondônia. Amazônia + 21. Chegou a hora. O tempo certo.

As queimadas avançam no Mato Grosso, nos dois. Sucumbe na fumaça o pantanal. Cuiabá e Campo Grande cobertos pelo manto cinza. Vi, agora, mais queimadas em Rondônia, rodopiando labaredas ali perto da Reserva dos índios Uru-Eu-Wau-Wau.

Neidinha Suruí – da Canindé, deve estar louca da vida. Ela é guerreira que ampara os índios. Alice vai pintar o cabelo daqui a pouco. Ontem fui vistoriar o salão de beleza. Verificar a segurança e protocolo. Porque ela segue uma quarentena rígida.

Mas não quer que apareça nenhum fio de cabelo branco. Ela deve ter suas razões. Todos os dias saio bem cedinho de casa, sigo trilhas do cerrado. Aqui por perto, há índios em Brasília, uma reservinha anexa ao setor Noroeste, onde prospera a construção civil. Sou vizinho deles. Confesso que tenho um chamego danado por índio. Deve ser a expressão oculta da minha genética mestiça. Sou um pouco de todos.

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