A porta da esperança

A porta da esperança

14 de agosto de 2006

Confúcio Moura

A geringonça vai voar. Porque nós vamos encher as garrafas Pet de vontades. Vontade é combustível. Faz geringonça voar. Muitos outros milagres. Encha-se meu amigo de vontade e voe. Os Bispos em Medellín, Colômbia, 1968 disseram que a evangelização pode iniciar pelo estômago. Como o faminto pode rezar e ainda agradecer pela sua fome? Primeiro o homem alimentado para depois a doutrina. Porque a fé do faminto é o prato de comida. Que termina sendo o seu Deus imediato.

E a democracia é boa, mas, não enche barriga. Se ela é boa deve encher a barriga do povo em primeiro lugar. Só assim será excelente. Se não fizer, não respondo por ela. E tudo poderá acontecer. Porque o povo espera melhora. Se ela não vem, passa a se pensar no milagre do socialismo. E espera de novo. Se não chega o milagre. Volta para a democracia. Não tardará a se entregar a uma ditadura de direita ou de esquerda.

É simples. Basta abrir os braços para a infância e a juventude. Só a juventude pode nos salvar a todos. Só ela poderá quebrar estes jarros cheios de usos e costumes. Só ela bem educada poderá ver as coisas diferentes. E se insurgir contra este bendito sistema vigente, tramado por nós mesmos. Quem não vê o outro lado permanece quieto. Indiferente e calmo. Aceitando tudo como é certo ou errado.

Enquanto o tempo passa, move-se uma folha ao vento. Ao menos isto, mover uma folha ao vento. Como é fácil escrever e encantar. Ainda mais a força das boas intenções, ou o discurso que empolga e que me faz bater forte o coração. Não há segredo para a mudança que não seja a determinação de ousar. E deixar cair o suor da face. Basta escola de boa qualidade para os jovens. Com aulas atrativas como o encanto das ruas. Porque a rua é bela e atrativa. A rua encanta e seduz.

Quem não gostou de soltar pipas? Brincar de esconde-esconde? Brincar de comidinha e estas coisas todas de sexualidade?  É lindo demais. O jogo de bola no fundo do quintal. O subir e descer ladeiras. A aula deve ser como a rua. A revolução será a de mudar o ritual da aula. Ensinar o que o aluno precisa aprender. Há muita bobagem na escola. Muito tempo perdido, aula sem nexo de causa e efeito com a realidade das crianças e nem dos seus pais. E quem botará o guizo no pescoço do leão?  Quem vai ensinar o professor a dar uma aula diferente? Só a educação inclui o jovem.

Fora disto, serão mais e mais gerações perdidas. Dinheiro jogado fora no balde do lixo. Mais alguns milhões de jovens perdidos nas cidades e uma indústria sem fim de injustiças, delinqüências e todos os matizes de violências. O que é uma cidade senão um ponto singelo no mapa do continente? Tenho o presente e o futuro para cuidar. Nada é mais importante do que acreditar no futuro, porque ele existe, assim como Deus.

A boa educação depende de vontade política. É por isso que política move a vida. E que não é esta coisa rasteira, nojenta que se vê no dia a dia de nossas cidades. Esta disputa mesquinha por interesses tão pequenos. Não é isto a verdadeira política. Ela está muito além da simples placa de inauguração. Ou da entrevista do rádio. Ou do e-mail que se manda.

Cuidar da juventude é a grande política. Em poucos anos será a de cuidar do idoso que será maioria também. As prioridades podem mudar apenas uma não pode, a de se cuidar das crianças. A escassez é um nó cego. Importante puxar a juventude para dentro de um sistema de esperança. É inadiável, porque a esperança demorada gera desilusão.  Aí é que se concentra o papel do líder e do santo – fazer o milagre da multiplicação.  Fazer do pouco muito.

“Como ficará tudo bom e bonito se não fizer nada agora, mesmo que contando os centavos”?

Não. Prefiro dividir o pouco com todos, a ter que entregá-lo a poucos. A juventude darei a sua parte.

 

 

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