É pra rir ou pra chorar?

O ministro da educação, aliás, o ex, foi ao Senado para audiência pública mostrar os seus planos de futuro. Entrou. Sentou-se à mesa solene. Eu estava a seu lado. Abriu uma caixa de chocolate. Salão cheio de gente. E foi comendo chocolate. A imprensa pegando tudo. Tirou a gravata. Agoniado. Depois o paletó. Recostou-se na cadeira, olhou para o teto. Arregaçou a manga da camisa. Traçou seu plano infalível. Não houve vaias, mas sussurros.

O segundo encontro foi no gabinete no MEC. Propus recursos para as creches paralisadas em Rondônia. E mais alguma coisa para os municípios. Cruzou os braços. Ouviu. Nada disse. Fui embora com seu silêncio enigmático sobre esse assunto. Mas antes, puxei prosa. O que achava da proposta do ex-senador Cristovam, federalização dos professores para educação básica? Com salários dignos. Ele disse: “- este aí, o Cristovam, levantei os seus feitos como ministro. Única obra que deixou no ministério foi aquela estátua do Paulo Freire, lá em embaixo”. Levantou-se, foi à janela, apontou o dedo.

A terceira visita foi para falar do fundo para educação (FUNDEB). Antes passei na Câmara, gabinete da relatora deputada Dorinha Seabra.   Pedi permissão dela para aproximar o governo do seu relatório. Tão esperado. Discutido. Quase pronto. Disse que iria ao ministério e queria defender seu relatório com o ministro.  Ela deu o sim. Fui. O homem ficou bravo. Empinou-se. Emplumou-se. Que não receberia a deputada. Que seu projeto era um absurdo. Que enviaria uma MP para o Congresso. Que não daria bola pra ela.

Por fim saiu do ministério. Pouco mais de um (1) ano no cargo. Disse o que bem quis. E agora, sem utopia, sem o líder indutor, pobre país, deseducado, vai rodopiando desde Pedro Alvares Cabral, desalentado. Com desprezo pelo conhecimento, única luz, voz, propósito a se fazer, é colocar no altar o castiçal de ouro – a educação para todos.

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